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PMDB quer presidir Congresso

Renan diz a Tião Viana que partido almeja presidência das duas Casas

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Por Christiane Samarco e Tania Monteiro
Atualização:

O primeiro vice-presidente do Senado, Tião Viana (PT-AC), procurou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) para saber se é verdade que o peemedebista vetará sua candidatura à presidência da Casa no ano que vem. Renan negou que haja um veto pessoal, mas comunicou-lhe que já está trabalhando para que o PMDB continue comandando o Senado em 2009 e 2010, independentemente de a presidência da Câmara ficar com outro peemedebista, o presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP). Na conversa reservada que os dois tiveram na terça-feira, Renan deixou claro ser essa sua posição individual e não da bancada. Insistiu que não trabalha contra ele, mas em defesa de o PMDB presidir o Congresso na condição de maior bancada no Senado. Antes mesmo de ouvir Renan, Tião já havia identificado a movimentação de peemedebistas em favor da candidatura própria. Em suas articulações de bastidor, o petista tem alertado que o cenário de disputa entre os dois partidos na sucessão do Senado é iminente. Não foi o que a cúpula do PMDB disse ao presidente Luiz Inácio Lula Silva há duas semanas, em jantar no Palácio da Alvorada. A recepção ocorreu 12 horas depois do lançamento oficial da candidatura de Temer, cerimônia em que esteve presente toda a cúpula do partido no Senado, inclusive Renan e o senador José Sarney (AP). Na ocasião, o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), reafirmou o acordo em que o PT prometeu apoiar o peemedebista na sucessão da Casa, ao mesmo tempo em que todos declararam que a prioridade do PMDB é a eleição de Temer. Quando Lula ponderou a inconveniência de o PMDB dirigir as duas Casas diante de uma base governista ampla, com 14 partidos, os peemedebistas não contestaram. Indagado se gostaria de ocupar o cargo na condição excepcional de representante da instituição, Sarney disse que não tem interesse em voltar ao posto de presidente. Renan, por sua vez, negou que fizesse restrição ao nome de Tião. E ninguém falou em candidatura própria. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, senador licenciado do PMDB, disse ontem que foi procurado por Sarney e Renan para saber de sua disposição de concorrer. "Fiquei honrado, mas essa é uma decisão do partido", disse. "Nada impede o PMDB de comandar as duas Casas." No bastidor, porém, senadores do PMDB insistem que o acordo com o PT na Câmara não envolveu o Senado e dão sinais de que prioridade não é sinônimo de projeto único. Argumentam que uma bancada que é a maior força no Senado, onde detém 25% dos votos, não pode abrir mão de comandar o Congresso. Especialmente para o PT, que é a quarta maior, atrás do DEM e do PSDB. Seja qual for a decisão do partido, vai haver racha. O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), por exemplo, se diz contrário a que um único partido presida as duas Casas do Congresso. Julga que o PMDB não é força hegemônica e mais: antecipa que sua tendência, hoje, é votar em Tião Viana. "Ele não é um petista radical, é um político de diálogo, tem dimensão e boas referências do curto período em que presidiu o Senado", justifica Jarbas.

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