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Presidente do STM defende militares fora da política: ‘ministro da Defesa tem que ser um civil’

Francico Joseli Parente Camelo afirmou, ao programa CNN Entrevista, que não se pode ter um governo, como a gestão de Jair Bolsonaro (PL), “com tantos militares” na estrutura

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Por Julia Affonso
Atualização:

O presidente do Superior Tribunal Militar (STM), Francico Joseli Parente Camelo, defendeu que militares não se envolvam com política, trabalhem dentro de suas competências e estejam “subordinados ao poder civil”. Ao programa CNN Entrevista, o Tenente-Brigadeiro do Ar afirmou que não se pode ter um governo, como a gestão de Jair Bolsonaro (PL), “com tantos militares” na estrutura.

“Nós temos que ter a consciência de que nós militares temos que estar subordinados ao poder civil. O ministro da Defesa tem que ser um civil, não um militar”, declarou o presidente do STM. “Nós temos a nossa competência, realmente, como prevê a Constituição, a garantia dos Poderes Constitucionais, a Garantia da Lei e da Ordem, e isso é o nosso papel. Para isso é que nós temos que nos preparar. Nós não temos que nos imiscuir com a política.”

Ministro Francisco Joseli Parente Camelo negou habeas corpus e manteve prisão do major. Foto: Divulgação/STM

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Parente Camelo disse ainda que os militares devem trabalhar dentro das próprias competências. “Protegermos as nossas fronteiras terrestres, as nossas fronteiras marítimas, a nossa fronteira aeroespacial e, quando necessário, ajudando a população em momentos de desastres, em momentos de calamidades. É isso que nós fazemos e fazemos com muita maestria”, registrou.

Questionado sobre o futuro de Bolsonaro, frente aos processos que o ex-presidente enfrenta na Justiça, o presidente do STM declarou ser “completamente imprevisível”. Bolsonaro é alvo de inquéritos perante o Supremo Tribunal Federal (STF). Em um deles, o ex-presidente é o principal suspeito de tramar um golpe de Estado.

“Eu, sinceramente, não tenho ideia. É completamente imprevisível”, declarou.

Durante o anúncio da entrevista, o Tenente-Brigadeiro do Ar afirmou que Lula agiu corretamente ao não decretar uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), no 8 de Janeiro, quando as sedes dos Três Poderes foram vandalizadas em Brasília (DF). Parente Camelo explicou a GLO precisa de “planejamento”, não é algo banal, que “estala o dedo e aciona”, referindo-se a questões logísticas.

“O presidente Lula tomou uma decisão muito certa. Provavelmente, pela experiência dele como presidente da República”, disse. “Ele sabia que aquele momento não era um momento para nós termos uma GLO.”

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Até 10 de março, a Corte havia condenado 131 pessoas por crimes como dano qualificado, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração do patrimônio tombado e associação criminosa. As penas variam de três a 17 anos.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou 1.390 denúncias pelo 8 de Janeiro. Os investigadores buscam acordos com mais de mil denunciados, por meio dos quais haveria a confissão dos crimes para que o caso não fosse a julgamento.

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