Primeira rabina do Brasil assume cargo hoje no Rio

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Por Agencia Estado
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A paraguaia Sandra Kochman, de 31 anos, tomará posse, hoje à noite, no cargo de rabina na Associação Religiosa Israelita (ARI), no Rio de Janeiro, como assistente do rabino-chefe Sérgio Margulies. Formada em Jerusalém, depois de haver iniciado os estudos no seminário rabínico de Buenos Aires, ela é a primeira mulher a exercer esse cargo na comunidade judaica brasileira. ?É uma novidade no Brasil, mas não uma inovação inédita, porque outros países, como Estados Unidos, Canadá e Argentina, além de Israel, já admitem mulheres no rabinato?, disse Margulies. A rabina Sandra, observou ele, foi convidada para assumir a função pelo seu conhecimento a sua competência profissional. Alguns rituais da sinagoga continuarão sendo presididos pelo rabino-chefe, a quem Sandra Kochman servirá de auxiliar, como suporte, nos serviços religiosos e administrativos. Segundo Mergulies, a comunidade da ARI recebeu muito bem, como um fato normal, a nomeação de uma mulher para o rabinato. Primeira de uma equipe ?Espero que seja a primeira de uma equipe de mulheres a exercer essa função?, comemora o rabino Henry Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista (CIP). ?Acredito que Sandra Kochman vai servir de modelo para muitas mulheres jovens, a começar pelo Rio, Porto Alegre e São Paulo?, observou. A comunidade judaica tem cerca de 130 mil membros nessas três cidades. A admissão de mulheres como rabinas, informou Sobel, deve ser considerada uma evolução normal no judaísmo. O presidente do rabinato da CIP cita dois exemplos de mudança de leis que pareciam intocáveis ? a extinção do sacrifício de animais e a abolição da poligamia ? para provar que sempre houve evolução. ?Com a destruição do Templo de Jerusalém pelos romanos, no ano 70, os rabinos substituíram os sacrifícios de animais no altar pelas orações nas sinagogas?, lembrou Sobel. ?Quanto à poligamia, até então tolerada, esse costume só foi proibido no século 13, na Idade Média?, acrescentou. Sobel adverte que, se a comunidade se preocupa com os judeus que abandonam a religião, não pode esquecer as mulheres que se afastam porque o judaísmo impõe a elas algumas restrições, como se fossem de segunda classe. A tradição judaica requer, por exemplo, o minyan ? que é a presença de um grupo de, no mínimo dez homens, maiores de 13 anos, para a realização de qualquer ato religioso. Embora não exista objeção da lei judaica, Sobel prevê que haja alguma resistência de ordem psicológica à admissão de rabinas no Brasil. ?Será, no entanto, uma reação facilmente superável, pois é uma inovação já aceita nas comunidades de tendência liberal (como a ARI no Rio e a CIP em São Paulo) e até pelas mais conservadoras?, disse o rabino. Apenas os judeus ortodoxos são contra a ordenação de mulheres.

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