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‘PSDB histórico jamais apoiaria Bolsonaro’, afirma Fernando Haddad

Candidato do PT ao governo minimiza impacto da aliança entre Garcia e o presidente em São Paulo

Foto do author Beatriz Bulla
Foto do author Eduardo Gayer
Por Beatriz Bulla e Eduardo Gayer

O candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo, Fernando Haddad, disse que o “PSDB histórico” não apoiaria Jair Bolsonaro (PL), como foi feito pelo governador tucano Rodrigo Garcia, derrotado no primeiro turno das eleições ao governo paulista. O petista minimizou o impacto do apoio de Garcia a seu adversário, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e também as críticas internas de integrantes do PT à sua estratégia de campanha.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também tentou minimizar o apoio de Garcia a Bolsonaro. “Se decidiu apoiar o Bolsonaro, é decisão livre dele e soberana dele. Nós vamos ganhar do Bolsonaro (mesmo) com apoio dele”, declarou Lula à imprensa. “Nunca tive relação com o atual governador de São Paulo”, acrescentou.

Fernando Haddad, candidato do PT ao governo de São Paulo, minimiza apoio de Rodrigo Garcia a Tarcísio Foto: Werther Santana/Estadão

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Lula negou que o antipetismo ainda seja relevante e afirmou que seu partido é o preferido da sociedade, com menos rejeição. Ele também ressaltou que 60% dos eleitores escolheram outra opção a Bolsonaro no último domingo. “É muito estranho que alguém que esteja no exercício do poder, disputando reeleição, perca o primeiro turno como ele perdeu”, afirmou o petista.

Haddad fez contato com aliados de Garcia para buscar o apoio. Outros nomes próximos a ele tentaram contatar o tucano diretamente, mas hoje Garcia anunciou o apoio a Bolsonaro e a Tarcísio. O candidato do PT disse, nesta tarde, que era cético sobre o sucesso de uma aliança com o atual governador. “Tentar a gente tenta ter aliança com todo mundo, mas pelo histórico do Rodrigo Garcia eu via com alguma dificuldade essa transição. Foi muito forte o BolsoDoria em 2018. Ele me escolheu como adversário de primeiro turno, estava mais ou menos claro que havia ali um combinado anterior”, afirmou Haddad.

“O PSDB histórico jamais apoiaria uma pessoa de extrema direita. Alguém consegue imaginar o Mário Covas apoiando o Bolsonaro? Ele (Garcia) que se dizia um herdeiro do legado do Covas…”, disse Haddad. O petista afirmou que após o apoio do PDT à campanha de Lula espera o mesmo gesto no plano estadual.

O PSDB histórico jamais apoiaria uma pessoa de extrema direita. Alguém consegue imaginar o Mário Covas apoiando o Bolsonaro? Ele (Garcia) que se dizia um herdeiro do legado do Covas…”

Candidato ao governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT)

Há cerca de 15 dias, o comando da campanha de Lula demonstrou incômodo com a opção da campanha de Haddad de mirar críticas a Garcia, e não a Tarcísio. Após o resultado do primeiro turno, os comentários negativos do entorno de Lula sobre Haddad voltaram a surgir, nos bastidores.

Haddad se defendeu das críticas e disse que a estratégia adotada por sua campanha “foi mantida de comum acordo com a campanha do presidente Lula”. “Eu não tenho uma campanha solteira e não me comporto de forma solteira”, afirmou o candidato do PT ao governo do Estado, em declaração a jornalistas na porta do QG de campanha de Lula. Segundo ele, houve um questionamento por parte da campanha nacional, mas ele justificou o direcionamento dos ataques a Garcia mostrando o número de inserções contra ele direcionadas pelo governador e aliados.

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Petistas afirmam que São Paulo foi a maior frustração eleitoral do domingo. Haddad e Lula ficaram atrás de Tarcísio e Bolsonaro no Estado e o candidato a senador na chapa petista, Márcio França (PSB), não se elegeu. Integrantes da campanha de Lula negam que haja um clima de caça à bruxas. Segundo um dos aliados, o resultado em São Paulo foi como queda de avião, fruto de vários erros e não apenas um.

Governador de São Paulo Rodrigo Garcia (PSDB) assume apoio à candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) e de Jair Bolsonaro (PL) Foto: Reprodução/Facebook

Haddad se queixou do fato de a campanha do candidato ao senado Edson Aparecido (MDB), apoiado por Garcia, ter sido usada para atacá-lo. Esse foi um dos fatores, segundo ele, que obrigou sua campanha a atacar de volta Rodrigo Garcia.

“O Rodrigo Garcia não teve um candidato a senador, ele usou todo o tempo do candidato a senador para me atacar. Nós fomos obrigado a reagir para não deixar rejeição aumentar”, disse. “Veja bem, 100% das inserções (de Aparecido) foram utilizadas com finalidade que não era pedir voto para o Senado”, disse Haddad. O petista disse que sua campanha chegou a entrar em contato com a campanha de Rodrigo Garcia para diminuir o tom dos ataques, sem sucesso.

Questionado por que sua campanha não direcionou os ataques mais pesados a Tarcísio no primeiro turno, Haddad afirmou que foi “porque ele não atacou”. “Esse é o ponto. Eu iniciei uma campanha sem ataques a ninguém, porque eu estava liderando. E o Tarcísio não me atacou”, afirmou Haddad.

Ainda sobre o espólio de votos de Rodrigo Garcia, Haddad disse que “não há um automatismo” da transferência de eleitores.

Prefeitos

Para tentar conter a investida de Bolsonaro em São Paulo, a campanha de Lula pretende buscar prefeitos do Estado e dar a largada na campanha para o segundo turno com três eventos em cidades paulistas, ao lado de Haddad.

A decisão inicial é reunir cerca de 100 prefeitos em ato em Campinas no sábado e fazer uma caminhada na cidade, onde o desempenho do PT foi ruim no primeiro turno, segundo o coordenador geral da campanha de Haddad, Luiz Marinho.

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Haddad e Tarcísio foram ao segundo turno com o petista atrás do ex-ministro de Bolsonaro, ao contrário do que mostravam as pesquisas. Em reunião de coordenação geral ontem, Lula reclamou da organização da campanha de Haddad.

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