Com promessas de cuidar mais da saúde e evitar uma "agenda alucinante e maluca", o ex-presidente Luiz Inácio da Silva afirmou que teve medo de morrer, mas a preocupação de perder a voz foi seu maior receio durante o tratamento contra o câncer na laringe. "Se eu perdesse a voz, estaria morto", afirmou o Lula em entrevista à Folha, publicada nesta sexta-feira, 30.
A entrevista foi realizada no dia seguinte à notícia de que o tumor diagnosticado na laringe desapareceu, nessa quarta-feira, 28. O tratamento começou em 31 de outubro e agora seguirá com acompanhamento periódico. "Tenho que manter a disciplina para evitar que aconteça alguma", explicou. Lula vai ao Hospital Sírio-Libanês para sessões regulares de fonoaudiologia. "Eu ainda estou com a garganta muito dolorida, não posso dizer que estou normal porque, para comer, ainda dói", disse.
Para as eleições municipais, em especial para a campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, Lula prometeu participar, mas de forma "seletiva". "Nunca mais eu irei fazer a agenda alucinante e maluca que eu fiz nesses dez meses desde que eu deixei o governo. (...) Vou fazer menos coisas, com mais qualidade, participar das eleições de forma mais seletiva", afirmou.
Segundo os médicos que acompanharam o tratamento do ex-presidente, é possível falar em cura da doença se, nos próximos cinco anos, os exames indicarem a ausência do tumor. "Essa ausência pode ser de fato uma cura. Mas para isso teremos que repetir sistematicamente essas avaliações", explicou o oncologista do Sírio-Libanês Artur Katz.