Representantes de 30 comunidades ribeirinhas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Piagaçu-Purus iniciaram nesta terça-feira, 22, um ciclo de cinco reuniões que contarão com a participação do poder público municipal e estadual, a fim de discutir o zoneamento da região e, com isso, definir as regras para o uso racional dos recursos naturais, sobretudo o pescado. A reserva existe desde 2003, está localizada em área central do Estado, perto dos municípios de Beruri, Anori, Tapauá e Coari, e tem cerca de 800 mil hectares. A expectativa é de aproximadamente 2 mil pessoas participem das reuniões. De acordo com Gelson Batista, especialista em manejo de recursos pesqueiros, a preocupação com o uso racional dos recursos naturais da reserva "é acentuada nesta época do ano, quando a região é 'invadida' por pescadores comerciais que podem desconhecer ou desrespeitar os períodos de reprodução e desova dos peixes lá existentes, como jaraqui e matrinxã". As reuniões, explicou, buscarão viabilizar, a médio e longo prazo, a definição de um plano oficial que deverá ser validado pelo governo estadual: "Só assim é possível impedir a ação irregular na área da reserva. Com esse documento, as áreas de preservação estarão bem definidas, bem como onde podem ocorrer a pesca de subsistência e a comercial, por exemplo." Um dos responsáveis pela reunião, o engenheiro de pesca José Gurgel, do Instituto Piagaçu - organização não-governamental que atua na reserva buscando aliar o saber tradicional aos conhecimentos técnicos para o desenvolvimento sustentável - explica que o objetivo é consolidar o plano de gestão, levando em consideração o diagnóstico da situação realizado pelo instituto com o apoio das colônias de pescadores.