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MDB vai lançar pré-candidatura de Simone Tebet ao Planalto; Novo anuncia Luiz Felipe d'Avila

Ideia é levar nome à avaliação do grupo de partidos de centro; se Doria vencer prévia do PSDB, senadora pode se tornar vice

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BRASÍLIA — A cúpula do MDB decidiu lançar a senadora Simone Tebet (MS) como pré-candidata à sucessão do presidente Jair Bolsonaro na eleição de 2022. O partido e Tebet já discutiam há meses a possibilidade, mas ela queria aguardar o fim da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para tornar públicas as articulações políticas. Já o Novo também decidiu lançar o cientista político Luiz Felipe d'Avila. O anúncio será feito nesta quarta-feira, 3.

Tebet é a única mulher a se apresentar para a disputa até agora e integra o grupo de desafiantes da chamada terceira via ao Palácio do Planalto. O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), disse que o anúncio do nome dela será feito ainda neste mês, mas a data não está fechada.

A senadoraSimone Tebet(MDB-MS) Foto: Dida Sampaio/Estadão

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“Vamos oficializar, sim”, afirmou Baleia ao Estadão. “Simone tinha pedido para aguardar o final da CPI apenas para não confundir os temas. A ideia amadureceu muito dentro do partido. Já existe hoje um apoio muito grande para o lançamento da pré-candidatura."

Após ocupar o Palácio do Planalto com Michel Temer (2016 a 2018), na esteira do impeachment da então presidente Dilma Rousseff, o MDB quer voltar ao jogo político. Mesmo assim, embora o comando da sigla tente construir uma candidatura como alternativa a Bolsonaro e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma ala da legenda é contra essa estratégia.

Os líderes do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (TO), e no Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), defendem o apoio a Bolsonaro. Na outra ponta, senadores como Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), além do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (CE), são próximos a Lula.

O mandato de Tebet no Senado termina em 2022. Ela tentou duas vezes, sem sucesso, presidir a Casa – a última foi no início desteano, quando acabou abandonada pelo próprio partido em troca de cargos. Agora, se não for candidata ao Planalto e quiser disputar a reeleição, deverá enfrentar a concorrência da ministra da Agricultura, Tereza Cristina (DEM-MS), que deseja ser senadora pelo Mato Grosso do Sul.

Nos últimos meses, Tebet teve encontros virtuais com representantes do mercado financeiro e participou de grupos de discussão política, como o Direitos Já e o Prerrogativas.

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A exposição que ela ganhou ao participar da CPI, onde fez apontamentos importantes, como o que mostrou fraudes nos documentos relativos à compra da vacina Covaxin, é citada como um impulso para sua candidatura.

“A CPI deu conhecimento da qualidade, desenvoltura e do preparo dela, jurídico e político. Fez com que a população soubesse e conhecesse a capacidade e a desenvoltura dela", afirmou o presidente do MDB.

Temer também se manifestou favorável à entrada da senadora no páreo. “Tenho o maior respeito pela Simone. Fui muito amigo do pai dela (Ramez Tebet, ex-presidente do Senado) e acho que ela tem uma posição privilegiadíssima", disse ele, em 27 de setembro, durante participação no programa Roda Vida, da TV Cultura.

O ex-presidente relatou um encontro que teve com a senadora. Ela o procurou em busca de conselhos para a tentativa de ser a terceira via entre Lula e Bolsonaro. "Eu saí da vida pública, mas às vezes a vida pública não sai de você”, brincou Temer. “A Simone Tebet me visitou e, muito dignamente, me disse: 'Olha, estou oferecendo meu nome para essa terceira via. Se aparecer outro nome, que seja fruto dessa conjugação, eu saio da história'. Eu sou MDB. Não sou Bolsonaro, nem Lula", completou.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

A reunião entre Temer e a senadora foi articulada por Baleia e pelo ex-ministro Carlos Marun. "Eu estive com ela e com o presidente. Conversamos bastante, foi muito agradável. Ele deu boas sugestões e dicas para ela agora, nesse momento de pré-campanha", contou Baleia.

O deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães – braço de formação política do MDB – também elogiou o nome de Tebet como alternativa para disputar o Planalto. "Ter um projeto como nós temos, o 'Todos Por Um Só Brasil', ter um articulador político, com o tamanho e a compreensão política de Michel Temer, e mais uma candidata em condição de concorrer é, com certeza, a chance de o MDB sentar à mesa com todos os atributos necessários", argumentou Moreira. “Mas muito mais importante do que ser de um partido ou de outro é o centro ter um nome competitivo para ganhar do Lula e do Bolsonaro."

Na prática, nem Tebet nem o MDB descartam abrir mão da pré-candidatura à Presidência para negociar o apoio a um concorrente de outro partido. “Claro que para sentar à mesa você tem de querer apoio, mas também tem de se dispor a apoiar alguém, se for a melhor conjuntura”, observou Baleia.

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Aliados da senadora citam, por exemplo, a possibilidade de ela ser candidata a vice em uma chapa encabeçada pelo governador de São Paulo, João Doria, caso o tucano vença a prévia do PSDB para a escolha do candidato ao Planalto. Assim como Doria, ela defende o impeachment de Bolsonaro.

O MDB integra o grupo de partidos que tentam construir uma candidatura em comum para enfrentar a polarização entre Lula e Bolsonaro. Fazem parte desse núcleo, ainda, PSDB, Cidadania, PV, Podemos, Novo e Solidariedade. O DEM e o PSL também estão no grupo, mas, com a fusão, passam a se chamar União Brasil.

Novo lança Luiz Felipe d'Avila

No Novo, após a desistência de João Amoedo de tentar o Palácio do Planalto novamente, o cientista político Luiz Felipe d'Avila será anunciado como pré-candidato da sigla nesta quarta-feira. A intenção da sigla é também concorrer como uma opção contra os extremos populistas.

"Acreditamos que o Felipe é capaz de ser essa pessoa e de unir a centro direita em torno de um candidato único”, afirmou o presidente do Novo Eduardo Ribeiro, em nota na qual anuncia o evento de filiação de D'Avila, que acontece hoje em Brasília. 

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