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Suplente do senador Flávio Bolsonaro se aproxima de aliado de Lula

Empresário Paulo Marinho rompeu com a família Bolsonaro em 2019; agora, embarca no projeto de Waguinho para construção de candidaturas de centro-direita nas próximas eleições

Foto do author Rayanderson Guerra
Por Rayanderson Guerra

RIO – Suplente do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e ex-aliado de Jair Bolsonaro (PL), o empresário Paulo Marinho se uniu ao prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos-RJ), e à ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil-RJ), aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O embarque de Marinho no projeto de Waguinho tem como objetivo a construção das candidaturas de centro-direita nas próximas eleições. O suplente de Flávio ainda não definiu se concorrerá a algum cargo.

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O empresário se filiou ao partido Republicanos a partir do convite do prefeito, cerca de um mês após se encontrar com Flávio Bolsonaro. Ele caiu em uma estratégia montada pelo clã Bolsonaro, após o ex-aliado convidá-lo para um encontro para tratar sobre uma possível candidatura à Prefeitura do Rio de Janeiro, e ficou em um “beco sem saída”. Mesmo sem a confirmação de que sairia candidato, Flávio marcou uma reunião com o empresário a pretexto de se reconciliar. A conversa foi divulgada e, agora, após sinalizações de um armistício, Marinho – que trocou acusações e críticas públicas com a família Bolsonaro – teve de abaixar o tom.

Desde que rompeu com o clã Bolsonaro após a campanha presidencial de 2018 – em que cedeu a própria casa como “QG” para o ex-presidente – Marinho se tornou um desafeto da família e chegou a declarar voto no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição passada. Em entrevista ao Estadão, o empresário não descartou voltar a apoiar o ex-aliado caso ele dispute a eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro no ano que vem, mas firmou aliança com outro grupo político carioca.

“O meu projeto político está muito vinculado ao prefeito de Belford Roxo, Waguinho. Ele é a maior liderança popular do Rio de Janeiro. Como é presidente do Republicanos, meu alinhamento depende de como ele irá conduzir esse processo no Rio de Janeiro. Ele pretende concorrer ao governo do Rio de Janeiro e vai organizar o partido pensando nas eleições do ano que vem”, afirmou Marinho.

Empresário Paulo Marinho (ao centro), ao lado do prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos-RJ) (esq.), e do presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira (dir.) Foto: Divulgação

O empresário carioca rompeu com Bolsonaro em 2019 após a demissão do advogado Gustavo Bebianno da Secretaria-Geral da Presidência. Ex-bolsonarista, Marinho e o clã Bolsonaro passaram a trocar farpas desde o desembarque do executivo do projeto político bolsonarista. Flávio chegou a dizer publicamente que o ex-aliado queria prejudicá-lo para assumir sua vaga no Senado.

No ano passado, Marinho declarou apoio público ao candidato à Presidência pelo PT. Ele disse à época que tinha “que pagar uma penitência de 2018″, quando participou da campanha do ex-chefe do Executivo.

“Quem conhece Bolsonaro como eu conheço vota no Lula. Eu tenho que pagar uma penitência de 2018. Minha mulher costuma dizer que eu precisaria subir a escada da Penha 50 vezes para pagar essa pretensão. Como eu não tenho essa disposição toda, eu achei que agora não é mais o momento de ficar de voto nulo, voto em branco, você precisa de lado. Meu lado agora é apoiar o Lula”, afirmou Marinho, na época.

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Tentativa de reaproximação

Quatro anos após ajudar a eleger Bolsonaro e o fim da relação com a família do ex-presidente, Marinho foi procurado por Flávio no mês passado, no dia 12 de maio, para uma reaproximação. Os dois se encontraram no escritório carioca do senador, na Barra da Tijuca. Foi a primeira conversa entre os dois desde que se tornaram adversários, logo depois da posse de Bolsonaro na Presidência da República.

A mansão de Marinho no Jardim Botânico, zona sul do Rio, serviu de “quartel-general” informal da campanha no período eleitoral de 2018 e durante a transição de governo. Sediou de reuniões políticas a gravações de propaganda eleitoral.

Então candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, durante gravação de programa eleitoral na residência do empresário Paulo Marinho (de camisa rosa), no Jardim Botânico, no Rio Foto: Fabio Motta/Estadão

Após o encontro com Flávio, Marinho amenizou as críticas contra a família Bolsonaro e já não descarta apoiar o senador caso ele dispute as eleições municipais no ano que vem. Em 18 de maio, Jair Bolsonaro afirmou à Jovem Pan que o senador não vai concorrer à Prefeitura.

“Ele (Flávio) será senador até o fim do mandato, a menos que dispute a prefeitura e ganhe. Hoje, ele seria o candidato mais forte para ganhar essa eleição no Rio de Janeiro. Tem uma base política muito forte e teria muita chance. Não acho que está completamente fora. Lá na frente, se as pesquisas mostrarem um apoio da população à candidatura dele, o pai dele pode repensar. Ele mesmo pode repensar”, disse Marinho.

Ele (Flávio) será senador até o fim do mandato, a menos que dispute a prefeitura e ganhe. Hoje, ele seria o candidato mais forte para ganhar essa eleição no Rio de Janeiro

Paulo Marinho, empresário

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Segundo Marinho, a possibilidade de ele assumir a vaga no Senado caso Flávio deixe a cadeira não foi assunto do encontro com o filho “01″ de Bolsonaro. “A minha eventual ida ao Senado como suplente dele nunca foi tema de conversa.”

“Já faz algum tempo que não estávamos juntos. O encontro foi muito mais para falar sobre o projeto e o desejo dele de disputar a eleição para a Prefeitura do Rio de Janeiro. Minha visita e a nossa conversa girou em torno do projeto de eventual candidatura dele. Ele queria ouvir minha opinião. Uma ou duas semanas depois, infelizmente, o presidente Bolsonaro comunicou que o Flávio não iria mais disputar a eleição. Continuo acreditando que o movimento que o presidente fez foi muito em função de a família estar muito exposta no noticiário político. Mesmo com a desistência formal dele, acredito que é um nome que pode vir a ser colocado lá na frente como uma alternativa. Vai depender muito do cenário daqui até o final do ano”, disse.

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