Atualizado às 22h58 Brasília - Uma semana depois de o portal estadao.com.br revelar o conteúdo de um documento reservado do Palácio do Planalto que vê “caos político” e critica a “comunicação errática” do governo federal, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Thomas Traumann, pediu nesta quarta-feira, 25, demissão do cargo à presidente Dilma Rousseff.
É o terceiro ministro que deixa o cargo desde o início do segundo mandato de Dilma no Planalto, em janeiro deste ano.
Em nota à imprensa, a Presidência da República comunicou que Dilma aceitou o pedido e “agradeceu a competência, dedicação e lealdade de Traumann no período como ministro e porta-voz”. A Presidência não informou o sucessor de Traumann na Secom – por enquanto, a pasta será comandada pelo secretário executivo Roberto Messias.
A saída de Traumann já era esperada pelo governo, após a divulgação do documento interno. Dilma ficou muito irritada, segundo palavras de assessores próximos, com o vazamento do texto.
O documento diz que os apoiadores da presidente estão levando uma “goleada” da oposição nas redes sociais e aponta como saída o investimento maciço em publicidade oficial em São Paulo, cidade administrada por Fernando Haddad (PT), que se tornou o epicentro das manifestações de 15 de março contra Dilma.
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Traumann estava no comando da Secom desde fevereiro do ano passado, em substituição da então ministra Helena Chagas, que havia pedido demissão em janeiro. Anteriormente, ele era porta-voz da Presidência, posto que ocupava desde 2012.
Enquanto não há definição quanto ao sucessor de Traumann, estão em estudo duas possibilidades: manter o atual modelo da Secom ou atribuir a um auxiliar palaciano exclusivamente as funções da publicidade, enquanto a Secretaria de Imprensa cuidaria da relação com a mídia.
Para a chefia da Secom, estão cotados os nomes do jornalista Américo Martins, diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e do deputado Alessandro Molon (PT-RJ).
Reforma. Apesar da pressão do PMDB e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma resiste em fazer uma reforma ministerial mais ampla.
Além do novo titular da Secom, Dilma deve definir o sucessor de Cid Gomes no Ministério da Educação (MEC), que vem sendo chefiado interinamente pelo secretário executivo da pasta, Luiz Cláudio Costa. Já faz uma semana que Cid deixou o cargo após uma dura discussão com parlamentares na Câmara.
No momento, a presidente só quer fazer as substituições na Secom e no MEC. Um interlocutor direto da presidente disse à reportagem que ela “insiste em fazer alterações pontuais”.
Na avaliação de Dilma, este não é o momento de promover muitas alterações na equipe, e sim de concentrar esforços na aprovação do ajuste fiscal. A presidente decidiu institucionalizar a reunião de coordenação política, a ser realizada em todas as manhãs de segunda-feira. Nestes encontros, Dilma tem convidado o vice-presidente Michel Temer e ministros com bom trânsito no Congresso para participar do novo modelo de coordenação.
Para o MEC, o Planalto busca o nome de um educador com bom trânsito e bem articulado. Entre os cotados para o ministério, estão o diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna e ex-membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), Mozart Ramos, e o filósofo e escritor Mário Sérgio Cortella, que tem a simpatia de petistas e foi secretário municipal de Educação de São Paulo entre 1991 e 1992, na gestão de Luiza Erundina.
Escalado pela presidente para apresentar um plano estratégico para a área de educação, o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger – que entrou no primeiro escalão de Dilma no lugar de Marcelo Nery em fevereiro –, tenta se cacifar para o cargo.
As primeiras informações eram de que Traumann iria ocupar o cargo de gerente de comunicação institucional da Petrobrás, no lugar do sindicalista Wilson Santarosa, demitido na semana passada, mas, ele não deve mais ser designado para esse posto.