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Vereadora do PT em Campinas recebe ameaças de morte por e-mail e registra boletim de ocorrência

Paolla Miguel prestou queixa e disse que o caso se trata de ‘ameaça à vida e à democracia brasileira’; o crime foi registrado como preconceito de cor ou raça

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Foto do author Julia Camim
Por Julia Camim

Nesta segunda-feira, 6, a vereadora de Campinas Paolla Miguel (PT) registrou um boletim de ocorrência após receber ameaças de morte, ofensas racistas e homofóbicas por e-mail. O ataque foi enviado à Câmara Municipal e a gabinetes de diversos vereadores pelo autor, que afirma que vai matar “a vereadora Paolla e fazer um massacre na Câmara”. A queixa registrou o crime de preconceito de raça ou cor na Delegacia Eletrônica da Polícia Civil de São Paulo.

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No e-mail, ao qual o Estadão teve acesso, o autor chama Paolla de “macaca”, “favelada”, e diz que a parlamentar “usa dinheiro público para fazer festas para aberrações LGBT” que “merecem a morte”. Além das ofensas racistas direcionadas à vereadora, também foram alvos das ameaças os vereadores Major Jaime (União), Permínio Monteiro (PSB), Higor Diego (Republicanos), Cecílio Santos (PT) e Guida Calixto (PT), todos negros. O remetente se identifica com o nome de outra pessoa que já teve seus dados roubados para cometer crimes de ódio na internet.

Ao longo do texto são citadas diversas violências que o autor pretende cometer caso Paolla não renuncie ao mandato. Ele afirma morar no Rio de Janeiro, ser beneficiário do Programa Bolsa Família, e se mostra revoltado porque a vereadora “ganha uma fortuna”. Além de ameaçar incendiar a Câmara e matar todos os parlamentares e assessores, “exceto Nelson Hossri”, do PSD, o remetente diz que a Câmara é um “lugar de homens brancos de bem” que tem sido transformado em um “zoológico”.

Paolla Miguel (PT), vereadora de Campinas. Foto: @vaipaolla via Instagram

Ao citar novamente Hossri, o autor da mensagem agradece o esforço do parlamentar e o suposto “apoio” dele na “missão”. Procurado, o vereador disse ao Estadão que a situação “é um absurdo” e que repudia as “ameaças criminosas”. Hossri afirmou que também vai registrar um boletim de ocorrência e declarou que o debate dele se “limita ao campo político ideológico” e que não compactua, “em hipótese alguma, com essas ameaças criminosas e pessoais”.

Chamada de “comunista, preta e sapatão”, Paolla classificou a ameaça como “gravíssima” e disse que solicitou “ao presidente da Casa o reforço na segurança do prédio da Câmara”. “Uma mensagem de ódio extremista e terrorista que anuncia um massacre armado contra minha pessoa e contra outros parlamentares negros da nossa cidade”, escreveu ela em nota oficial publicada no Instagram.

A petista ainda cita um evento ocorrido em 2021 em que ela foi chamada de “preta lixo” - termo presente no e-mail - por uma apoiadora “da extrema-direita no Plenário”. Para Paolla, normalizar situações como estas “empodera e encoraja grupos de ódio que cometem atitudes de ameaça” e, por isso, é necessário buscar “todos os meios possíveis” para garantir a segurança dos vereadores atacados.

A parlamentar também disse que a situação “exige muita frieza e atenção” e que não está surpresa, já que “uma denúncia infundada foi realizada recentemente na Câmara” contra o mandato dela, referindo-se ao processo disciplinar aberto na Casa que pode levar à cassação da vereadora.

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O motivador do processo foi a destinação de verbas à organização do evento conhecido como Lambuzada, que repercutiu devido às apresentações com cenas eróticas e de nudez. Por causa do teor considerado “absurdo”, o deputado estadual Rafael Zimbaldi (Cidadania-SP) enviou ao Ministério Público de São Paulo um pedido de investigação do caso. Em nota, Paolla afirmou que não teve conhecimento prévio do conteúdo das apresentações e que a responsabilidade seria do produtor.

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