Votação de Lula na Grande São Paulo não deve se converter em votos para prefeitos de esquerda

Partidos alinhados ao espectro político do presidente enfrentam dificuldades para retomar poder em cidades já consideradas redutos eleitorais, onde centro e centro-direita dominam

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Atualização:

O cenário eleitoral da Grande São Paulo aponta que as legendas alinhadas à esquerda devem enfrentar dificuldades para voltar ao comando dos municípios. A região composta por 39 cidades já foi reduto eleitoral do espectro político e chegou a ter regiões consideradas parte do “cinturão vermelho” do Estado.

Apesar das últimas eleições presidenciais mostrarem uma maioria de votos dos eleitores desses municípios no presidente Lula, a sigla do mandatário, bem como a de partidos apoiados por ele, aparecem em desvantagem nos últimos levantamentos. O próprio presidente provocou seus colegas de partido no início do ano, pedindo para que refletissem sobre suas derrotas.

Região da Grande São Paulo é composta por 39 municípios.  Foto: Danilo Oliveira/adobe.stock

ABC pode deixar de ser reduto eleitoral do PT

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Berço do sindicalismo, após o golpe militar de 64, o chamado ABC paulista abarca sete dessas cidades. Entre elas, Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano estão hoje muito distantes da imagem de “cidades dormitórios” ou de municípios onde durante muitos anos o PT, que teve entre seus fundadores o então metalúrgico Lula, reinou absoluto, em meio a gigantes assembleias e atos que moldaram o pensamento dos trabalhadores da época.

Muito mudou, desde então. São Bernardo, com uma população de quase 850 mil habitantes, desde 2016 não é mais comandada pelo PT. Neste ano, a expectativa do partido estava depositada no deputado Luiz Fernando Teixeira, irmão do ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. O presidente Lula chegou até a comparecer ao lançamento da candidatura a prefeito do deputado.

Segundo o levantamento do Paraná Pesquisas divulgado nesta terça-feira, 1º, Luiz Fernando, com 21,5% está empatado tecnicamente com outros três candidatos (SP-06771/2024). O ex-deputado federal Marcelo Lima (Podemos) lidera numericamente com 25%, o deputado federal Alex Manente (Cidadania) aparece com 22,8%, e a empresária Flávia Morando (União), sobrinha do atual prefeito Orlando Morando (PSDB) e estreante na vida política, tem 19%. A margem de erro é de 3,5 pontos porcentuais.

O PT esperava um cenário melhor a esta altura do campeonato. Mas a onda antipetista ganhou fôlego depois do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e ficou mais forte depois da prisão do então ex-presidente Lula. Além disso, o movimento sindical sofreu um forte declínio após a reforma trabalhista feita no governo do ex-presidente Michel Temer.

Agora, nesta eleição municipal, o PT e os demais partidos de esquerda apostavam em um retorno aos governos das cidades que já foram definidas como o “cinturão vermelho” do Estado. Desse grupo, o partido de Lula manteve apenas Mauá (Marcelo Oliveira) e Diadema (Filippi), onde a legenda, segundo as pesquisas, ainda tem perspectivas de vitória, embora a decisão, provavelmente, só seja conhecida no segundo turno. O principal desafio da sigla nessas cidades será superar os altos índices de rejeição.

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Em Mauá, Marcelo Oliveira tem 37,6% das intenções de voto e está empatado tecnicamente com Atila Jacomussi (União Brasil), com 38,3%, segundo o último levantamento do instituto Paraná Pesquisas (SP05280/2024). A candidatura de Jacomussi, no entanto, foi impugnada. O postulante recorreu e aguarda manifestação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Da Grande São Paulo, uma das conjunturas mais difíceis para a esquerda está em Santo André, Depois de uma administração bastante mal avaliada do PT, o PSDB já governa há dois mandatos com o economista Paulo Serra com bons índices de aprovação. O candidato por ele apoiado, o tucano Gilvan Jr, está praticamente isolado nas pesquisas, com 46,13% dos votos (SP-08815/2024). Já a petista Bete Siraque é citada por 13,4% dos entrevistados e segue empatada tecnicamente com outros dois adversários, Eduardo Leite (PSB), com 13%, e Luiz Zacarias (PL), com 12,1%.

E, em São Caetano do Sul, o PT que disputa com Jair Meneguelli está em quarto lugar, com 3,6%, atrás do candidato do PSOL, Professor Rafinha, que tem 7,6%. O município – um dos mais altos IDHs do País – tem um perfil altamente conservador e nunca teve um prefeito de esquerda. Tite Campanella (PL) lidera a disputa com 45% dos votos (SP-03649/2024).

Esquerda tem dificuldades para retomar hegemonia em Guarulhos e Osasco

Além da região do ABC, cidades como Guarulhos e Osasco, lideradas pelo PT desde 2004, também deixaram de ser comandadas pela sigla em 2016. Atualmente administrada pelo PSD de Guti, Guarulhos tem um cenário de disputa entre partidos de centro-direita.

O ex-integrante do PT Elói Pietá (Solidariedade) lidera com 26,4%, seguido de Lucas Sanches (PL), com 25,9%, e Jorge Wilson, o “Xerife do Consumidor” (Republicanos), com 19,6%, ambos empatados tecnicamente, segundo a pesquisa AtlasIntel (SP-06709/2024). No segundo pelotão aparecem as siglas mais alinhadas à esquerda com Alencar Santana (PT) a frente com 14,1%, Marcio Nakashima (PDT), com 6,9% e Waldomiro Ramos (PSB), 0,5%.

Em Osasco, o cenário pode ser definido ainda no primeiro turno das eleições. Gerson Pessoa (Podemos) tem 57,7% das intenções de voto e pode manter a sigla na gestão. O candidato petista Emídio de Souza aparece atrás, com 19,6%.

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