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1º carnaval no Sambódromo do Anhembi

SP ganha uma passarela e a festa pode, enfim, crescer

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Teve atraso de até quatro horas. Choveu tanto que a concentração ficou inundada. As arquibancadas de alvenaria não puderam ser construídas, e o jeito foi montar as de madeira. A iluminação também não estava pronta. Mas os sucessivos problemas não importavam, afinal, a casa era nova, permanente. Em fevereiro de 1991, o carnaval paulistano finalmente ganhou a sua passarela definitiva, o Polo Cultural e Esportivo Grande Otelo, mais conhecido como Sambódromo do Anhembi, na zona norte. 

O analista contábil Luiz Carlos da Silva, de 54 anos, estava lá. Desfilou em uma ala da Rosas de Ouro, campeã naquele ano, ao lado da Camisa Verde e Branco. “A gente já imaginava que seria maravilhoso, como a Sapucaí, no Rio. Foi um choque. O sambódromo era muito grande, bonito e cheio de TV.”

Luiz Carlos da Silva. 'Foi um choque' Foto: Alex Silva/Estadão

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Integrante da Rosas desde 1979, Silva estava habituado aos desfiles na Avenida Tiradentes, também na zona norte. “Naquela época, era mais folia. A gente passava mandando beijinho para as arquibancadas. Não pagava (entrada). O povão mesmo era quem desfilava e, depois, voltava para ver o resto.”

Com projeto inicial de Oscar Niemeyer – que também havia criado a Marquês de Sapucaí, no Rio –, o Anhembi era o que faltava para a profissionalização do carnaval paulistano, segundo dirigentes da folia na época. “As mudanças foram com o decorrer do tempo. Hoje, tem o desfile técnico. Naquela época não tinha isso. A gente ensaiava na quadra, na rua. Agora, é muita regra para seguir. É um negócio bem profissional.”

Em 1991, a Rosas levou o título com o enredo sobre as mulheres. “A gente fez uma festa danada”, diz Silva, que há 21 anos toca surdo de primeira na bateria da agremiação. Em 1992, a escola foi bicampeã com samba em homenagem a São Paulo.

No primeiro carnaval, as arquibancadas tinham espaço para 25 mil pessoas. Hoje, a capacidade total é de 29.199, contando camarotes, mesas e cadeiras de pista. Com 530 metros de extensão e 14 de largura, a passarela do Anhembi não é só o palco das escolas. Recebe shows, feiras e até mesmo eventos automobilísticos, como a Fórmula Indy, realizada no local entre 2010 e 2013.

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