Área da zona sul de SP tem plano de boulevard e fim do acesso de carros; veja onde é

Proposta envolve Santuário São Judas Tadeu, que atrai quase 2 milhões de frequentadores anualmente para região da Saúde; mudança está em consulta pública

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Por Priscila Mengue
Atualização:

Um projeto em desenvolvimento em São Paulo prevê a transformação em boulevard de uma quadra da Alameda dos Guaiós, no distrito Saúde, na subprefeitura Vila Mariana. A proposta foi inicialmente sugerida pelo Santuário São Judas Tadeu — que atrai milhares de visitantes diariamente ao entorno — e está em desenvolvimento em conjunto com a Prefeitura. A previsão é que a implantação se estenda por cerca de oito meses.

A “minipraça” em discussão seria implantada na quadra entre a Avenida Itacira e a Avenida Piassanguaba, transversais da Avenida Jabaquara, onde está a entrada principal do santuário. Segundo informações enviadas pela paróquia à Prefeitura, cerca de 1,89 milhão de pessoas vão ao templo religioso anualmente, com uma média mensal de 157 mil visitantes.

Imagem divulgada pela Prefeitura mostra proposta atual para boulevard Foto: SMUL/Prefeitura de São Paulo/Reprodução

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A proposta prevê a implantação de um calçadão de lazer, com a instalação de bancos e mais itens de mobiliário, melhorias na iluminação, ampliação dos espaços verdes e outras intervenções. Dessa forma, a circulação passaria a ser exclusiva de pedestres, com a autorização apenas de veículos em serviço público essencial (como ronda de polícia, por exemplo). O trecho também deixaria de ter zona azul, cujas vagas prioritárias seria remanejadas para as proximidades.

A previsão é que o projeto seja implantado por uma organização social, que pode ser ou não ligada ao santuário, por meio de um termo de cooperação e sem fins lucrativos. A entidade selecionada deverá desenvolver o projeto executivo a ser implantado.

Trecho da Alameda dos Guaiós nesta quinta-feira, 14, ao lado do Santuário São Judas Tadeu Foto: Werther Santana/Estadão

A Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento tem destacado que os custos de implantação e manutenção serão exclusivos de responsabilidade do setor privado. Ao todo, o boulevard teria 1,3 mil m², ao longo de 105 metros de extensão, ligando a quadra entre o santuário e o Instituto Meninos de São Judas Tadeu, entidade da paróquia que atende a crianças e adolescentes em vulnerabilidade social.

Esse tipo de acordo é o mesmo do futuro “Boulevard do Rádio”, em implantação na Rua Leôncio de Carvalho, no trecho entre o Sesc Avenida Paulista e o Itaú Cultural — responsáveis pela obra. A proposta para a Alameda dos Guaiós está em fase final de consulta pública, até a terça-feira, 19, pela plataforma municipal Participe+ (participemais.prefeitura.sp.gov.br). Uma outra etapa de participação popular ocorreu no segundo semestre do ano passado.

A minuta do edital prevê a realização de atividades socioculturais gratuitas no boulevard. Hoje, o trecho recebe eventos especiais do santuário, como no Dia de São Judas Tadeu, em 28 de outubro, quando cerca de 270 mil pessoas visitam o templo, segundo a paróquia.

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Com a mudança, a quadra passaria a ter uma nova pavimentação, com acessibilidade universal. O projeto também prevê intervenções para a parte de microdrenagem, com jardins de chuva (canteiros desenvolvidos para absorver mais água). Além disso, um trecho na esquina com a Avenida Piassanguaba será voltado para a manobra de veículos e o embarque e desembarque de passageiros.

A proposta foi apresentada com o objetivo de aumentar a segurança, acessibilidade e bem-estar dos frequentadores do santuário e dos equipamentos sociais do entorno, o que inclui idosos e crianças. A minuta do edital destaca, ainda, o potencial de aumentar o número de visitantes da vizinhança.

Proposta de boulevard abrange trecho entre santuário e instituição de atendimento socioeducativo Foto: SMUL/Prefeitura de São Paulo/Reprodução

Na consulta pública, frequentadores apontaram a sensação de insegurança para circular naquele trecho à noite e a manutenção insuficiente das calçadas. Também citaram alguns pontos positivos, como as relações de convívio já estabelecidas e a arborização.

Na audiência pública, em dezembro, representantes da Prefeitura destacaram que São Paulo devia uma resposta de requalificação urbana para esse local, transformando-o em um espaço de permanência, não mais de passagem. “É o maior santuário, um lugar de importância para a cidade”, destacou o secretário municipal adjunto de Urbanismo e Licenciamento, José Armênio de Brito Cruz, na ocasião.

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O reitor da paróquia, Padre Daniel Aparecido de Campos, também justificou a necessidade da mudança no entorno, pelo bem-estar dos frequentadores. “A movimentação é grande. Se justifica, então, a necessidade de refletir e pensar de como atender melhor a essas pessoas. Diferentemente de uma paróquia, que fica circunscrita a um ambiente mais delimitado, o santuário tem um cunho diocesano, então é a cidade toda de São Paulo e cidades vizinhas”, apontou.

A paróquia funciona na região desde 1940. Em 1963, começou a construção da atual igreja, reconhecida como santuário em 1997. O templo religioso tem movimento ao longo do dia, com a realização de cinco a oito missas diárias (a primeira às 7h; a última iniciada às 19h30).

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