Com asa caída e cauda enferrujada, réplica do 14-bis se deteriora

Monumento em homenagem a Santos Dumont está na lista de obras prioritárias da Prefeitura para restauro em programa

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Por Juliana Diógenes
Atualização:

SÃO PAULO - Com parte da asa caída e a cauda enferrujada, a réplica do avião 14-bis criado por Santos Dumont, monumento localizado na Praça Campo de Bagatelle, zona norte de São Paulo, está deteriorada. A peça, inaugurada em 1973, está na lista de obras prioritárias da Prefeitura para restauro neste ano pelo programa Adote uma Obra Artística, que busca parceria com empresas para a conservação de monumentos em espaços públicos. Outras 80 obras, em todas as regiões, também “pedem adoção” prioritária.

Abandono.Parte de asa da réplica do avião na capital paulista caiu; monumento não passa por restauro desde 2006 Foto: Rafael Arbex/Estadão

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O último restauro da aeronave ocorreu há 12 anos. A peça é cercada por grades e monitorada por uma câmera de segurança. Três postes fazem a iluminação do local. O monumento foi construído pela empresa Bronze Artístico Rebellato.

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Dois ninhos de marimbondo se instalaram na peça. Parte do monumento enferrujou e já escurecem as letras do mural, de novembro de 2006, que informa: “Uma justa homenagem da população de São Paulo e da Força Aérea Brasileira ao ‘pai da aviação’, marechal-do-ar Alberto Santos Dumont, que em 23 de outubro de 1906, às 16h45m, no campo de Bagatelle, Paris, França, decolou com seu 14-bis, realizando o primeiro voo de um mais-pesado-que-o-ar, projetando o nome do Brasil na história da Aeronáutica mundial”. 

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Para um dos maiores pesquisadores de Santos Dumont, o físico e especialista em aviação Henrique Lins de Barros, 12 anos ao ar livre sem restauração “é muito tempo para uma obra que está exposta ao sol, à chuva e ao vento”. Segundo Barros, as longas e pesadas asas da réplica sentem a pressão do vento. 

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O especialista destaca que a aeronave é representativa de um momento histórico para o Brasil. “É um marco na história da aviação e do século 20. É o primeiro avião que sai do chão, levanta voo, voa e pousa sozinho sem auxílio. É a primeira vez que o homem é capaz de voar. É importante mantermos símbolos. O 14-bis é um monumento que faz a sociedade lembrar de um feito que mudou a humanidade”, diz Barros. 

Reformas

Em 2002, a réplica da aeronave passou por uma reforma que durou dois meses depois de ter sido alvo de roubo de peças e pichações. A preocupação do artista plástico espanhol Pablo Timón, autor da restauração à época, era com o vandalismo. A estimativa de Timón era de que o avião poderia durar 70 anos se não tivesse as peças quebradas ou roubadas. 

Mas a deterioração do monumento é um problema ainda mais antigo. O Estado noticiou que fortes chuvas e rajadas de vento danificaram, em 1982, parte de sua fuselagem. A aeronave foi restaurada no ano seguinte.

Obras prioritárias

Em nota, o Departamento do Patrimônio Histórico (DPH) informou que o 14-bis está na lista de obras prioritárias para restauro em 2018 por meio do programa Adote uma Obra Artística. Outras 80 peças, entre elas monumentos na Praça da Sé e no Parque do Ibirapuera, também constam na lista. O último restauro do 14-bis ocorreu em 2006, por meio de doação de recursos do Parque Aeronáutico de Marte. “De lá para cá, o órgão vem realizando limpezas periódicas, trabalho prejudicado pelos constantes atos de vandalismo”, diz a nota do DPH. 

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