Contra arrastões, restaurantes já usam até botão do pânico

Preocupação cresceu por causa do tradicional aumento de movimento no Dia dos Namorados e Alckmin põe Rota para combater ataques

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Por Artur Rodrigues e Valéria França - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - Vigias disfarçados, câmeras que captam imagens no escuro e até botão do pânico. O esquema de segurança não é de nenhum banco ou joalheria. São os donos de restaurantes da cidade de São Paulo que estão se preparando para enfrentar a onda de arrastões. Nesta terça-feira, 11, Dia dos Namorados, a atenção vai ser redobrada para garantir a paz dos clientes. Para coibir os crimes, até as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) vão estar nas ruas.

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O governador Geraldo Alckmin (PSDB) - que nesta terça deve receber representantes de grupos de bares e restaurantes para discutir estratégias de prevenção - determinou que a Polícia Militar reforce a segurança na área de bares e restaurantes nesta terça. Além de deslocar mais policiais, mandou colocar equipes de elite das Polícias Civil e Militar, como a Rota, o Grupo de Operações Especiais (GOE) e o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra). "É uma preocupação de segurança pública em função dos roubos que têm acontecido nos últimos dias. Já mapeamos todas as regiões para fiscalizar e parar os suspeitos", afirmou o porta-voz da PM, capitão Cleodato Moisés do Nascimento, sem divulgar números do efetivo.

Desde o começo do ano, já foram pelo menos 16 arrastões em restaurantes conhecidos da capital. Donos de estabelecimentos afirmam o movimento caiu cerca de 15 % neste ano, mas o frio também pode ter influenciado. Segundo eles, o problema do crime pode ser ainda maior por causa da subnotificação. Alguns preferem não prestar queixa para não ficar "marcados" pelos criminosos.

Tecnologia. Tentando evitar se tornar parte da lista, várias casas reforçaram a segurança. Caso um ladrão entre no restaurante My Temaki, no Itaim-Bibi, zona sul, funcionários podem avisar sobre o problema por meio de um alarme, diretamente ligado a uma central de monitoramento. "Hoje a tecnologia permite que se use um botão do pânico móvel, que parece um chaveiro de carro e aciona a central", explica um dos sócios do restaurante, Guilherme Defillipi.

Inaugurado neste ano, o restaurante Lupercio, nos Jardins, nasceu equipado. "A gente já estava nessa onda de arrastão e se programou", diz o sócio Carlos Martignago. Segundo ele, o local tem 16 câmeras, algumas com zoom. "Dessa forma, é possível focar o rosto das pessoas", afirma. Além disso, o restaurante tem dois tipos de segurança. "Um fica uniformizado, na frente do restaurante. O outra à paisana, do lado externo", conta Martignago.

No restaurante Salvattore, no Itaim-Bibi, é possível flagrar os criminosos mesmo em um eventual apagão. É que, entre as câmeras do estabelecimento, algumas são de visão noturna. "Nós achamos que isso é um problema de segurança pública. Mas o restaurante tem tomado algumas medidas para tentar inibir assaltos, uma vez que os arrastões são uma nova modalidade de crime", afirma o gerente Claudio Nogueira.

O restaurante Casa Cardoso, em Perdizes, na zona oeste, resolveu nem abrir as portas nesta terça. Com medo do movimento abaixo da média no começo da semana, por causa do tempo frio, o proprietário Marcos Berman resolveu não arriscar. "A rua tem ficado muito vazia durante a noite, não compensa abrir", justificou Berman. / Colaboraram Felipe Tau, Gio Mendes, Tiago Dantas e Tatiana Gerasimenko

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