Doria diz que vai tirar camelôs das ruas de São Paulo

Alternativa, segundo o prefeito eleito, será a criação de shoppings populares em áreas com grande movimentação de pedestres

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Foto do author Pedro  Venceslau
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Por Pedro Venceslau e Adriana Ferraz
Atualização:
Tucano afirmou que, em sua gestão, não haverá mais camelôs nas ruas Foto: Estadão

BUENOS AIRES - O prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou nesta sexta-feira, 14, que existe hoje “total falta de controle” em relação ao comércio ambulante na capital. Segundo o tucano, os camelôs deixarão as ruas em seu governo. Doria defende a criação do que chamou de “shoppings do povo”. 

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“Eles (ambulantes) vão atuar em espaços públicos organizados, iluminados, seguros e em locais com movimento para atrair potenciais compradores. Não nas ruas”, disse, em Buenos Aires, durante entrevista a jornalistas que o acompanham na primeira agenda que cumpre fora do País após as eleições. Doria está na capital argentina para participar do 21.º Meeting Internacional, evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais, entidade fundada e presidida por ele até maio.

Apesar de polêmica, a decisão de retirar camelôs das ruas não será feita de forma a gerar confronto, assegura Doria, que ressalta a “questão humana” do problema. “São dois milhões de desempregados. Não vamos hostilizar os ambulantes e gerar confronto, mas dar a eles uma oportunidade. A alternativa é criar os shoppings do povo”, disse.

Esses shoppings funcionariam em áreas com alta movimentação de pedestres e em bairros da cidade com característica comercial, como o Brás, na região central. O prefeito eleito não deixou claro, no entanto, se os projetos seriam tocados pela Prefeitura ou pela iniciativa privada. A gestão atual, de Fernando Haddad (PT), concedeu a Feira da Madrugada, no Pari, também no centro, a um consórcio de investidores. O negócio, porém, enfrenta resistência e chegou a ser suspenso pela Justiça - mas já foi liberado e o contrato é executado normalmente. Só ali são cerca de 4 mil ambulantes.

Se a proposta for “organizada” e não apenas para tirar os camelôs das ruas, o sindicato da categoria se diz favorável. “A gente não está de acordo com camelô vendendo seus produtos na calçada. Eles querem pagar impostos, ficar legalizados”, diz Janete Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Ambulantes, Camelôs, Autônomos e Microempreendedores Individuais do Estado de São Paulo (Sindimei).

Segundo Janete, a categoria já tem pronto um projeto com a mesma ideia, que recebeu o nome de “shopping social”. Estima-se que a cidade tenha hoje ao menos 6 mil camelôs regularizados. Com os clandestinos, esse número pode dobrar.

“Apesar de uma parte preferir permanecer na informalidade, a maioria quer trabalhar com tranquilidade, sem correr o risco de ver sua mercadoria apreendida”, completa.

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Delegada. A retirada dos camelôs das ruas será combinada com a ampliação da Operação Delegada, na qual a Prefeitura paga policiais em folga para combater o comércio irregular nas ruas da cidade. Iniciado em 2009, pelo então prefeito Gilberto Kassab (PSD), o programa foi esvaziado no governo Haddad e o número de soldados contratados caiu de 3,8 mil para 1.063. /COLABOROU SARAH TEÓFILO, ESPECIAL PARA O ESTADO