Exército libera 320 militares aquartelados em Barueri; furto de armas segue sendo investigado

Comando manteve 480 pessoas aquarteladas por uma semana em unidade da Grande SP após constatação de furto de armamento, incluindo 13 metralhadoras .50, consideradas de alto impacto; 160 seguem no local

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Por Ítalo Lo Re
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BARUERI - Parte dos militares que era mantida aquartelada em uma unidade de Barueri, na Grande São Paulo, foi liberada nesta terça-feira, 17, segundo comunicado do Comando Militar do Sudeste. Ao longo de uma semana, 480 pessoas tiveram de permanecer no local enquanto o Exército dava início a uma investigação sobre o furto de 21 armas de fogo; 13 eram metralhadoras .50 consideradas de alto impacto.

“Acerca da apuração do caso em tela, o Comando Militar do Sudeste (CMSE) informa que no dia 17 de outubro de 2023, o Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) passou da situação do estado de prontidão para sobreaviso, o que significa uma redução do efetivo da tropa aquartelada. A investigação segue em curso e está sob sigilo”, disse a nota. Entre os 480, 320 foram liberados após as 22 horas desta terça-feira.

Treze metralhadoras .50, como as usadas em treinamentos do Exército (foto), foram furtadas de unidade militar de Barueri Foto: Exército Brasileiro/Divulgação

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Cerca de 160 permanecem no local, entre soldados, cabos, sargentos, tenentes, majores, entre outros. Parte dos remanescentes segue na unidade militar porque foram escalados para trabalhar na parte operacional do quartel; outros, porque ainda estão dentro do leque da investigação.

As visitas de familiares e amigos ocorrem entre 8h15 e 21h. Os familiares podem levar comida, roupa, entre outros pertences pessoais. Os materiais passam por rápida revista e o encontro ocorre em uma sala ao lado da portaria.

Com os celulares confiscados, os militares também podem utilizar cabines telefônicas do quartel para realizar ligações para a família.

Parentes e amigos ouvidos pelo Estadão na porta do quartel afirmam que os militares estavam mais apreensivos no começo do aquartelamento, que teve início há uma semana. Com a liberação de parte deles, o clima, disseram, começou a melhorar entre eles. Não há previsão de novas saídas.

A visitação é permitida desde o começo do aquartelamento. Os familiares foram inclusive autorizados a sair com o carro dos militares, mas os veículos devem passar por revista antes da liberação. A frequência de visitas diminuiu nesta quarta.

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O furto foi notado pelo CMSE durante inspeção na última terça-feira, 10, o que levou ao aquartelamento de militares. Eles passaram a ser ouvidos como parte das investigações sobre o paradeiro do armamento. As investigação sinalizam que um militar ou um grupo deles arquitetaram, de dentro do quartel, o furto das armas, como informou a coluna de Monica Gugliano. Pelo menos 35 militares foram ouvidos na investigação até o momento. As apurações prosseguem.

Documentos técnicos das Forças Armadas apontam que a .50 pesa 38,1 quilos, sem contar outros 20 quilos do tripé que acomoda o armamento no solo. Ela tem 1,75 metro de comprimento e atinge alvos com eficácia a mais de um quilômetro de distância. É considerada não portátil por não ser transportada de forma ativa facilmente, mas, além do solo, pode ser instalada em veículos terrestres e aquáticos e possui suportes voltados a alvos aéreos a baixa altitude.

O armamento é usado pelos Estados Unidos desde a década de 1930. Foi intensamente empregado durante a 2ª Guerra Mundial. Ele também tem o uso disseminado entre nações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e foi adquirido pelo Exército do Brasil.

Por aqui, a metralhadora é usada até em caças A-29 Super Tucano, produzidos pela Embraer e que integram a frota da Força Aérea Brasileira (FAB). Cada aeronave possui duas metralhadoras .50 como parte do armamento à disposição da operação militar. O equipamento tem como vantagem operacional a capacidade de perfurar blindagens, principalmente as de caráter civil, como as que estão presente em modelos de carro-forte de transportadoras de valores.

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