'Listinha' difama jovens e vira caso de polícia em Boa Esperança do Sul

Inquérito investiga lista que circula nas redes sociais com frases preconceituosas, descrição de atributos pejorativos e divulgação de opções sexuais

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Por José Maria Tomazela
Atualização:

SOROCABA - Os 13,7 mil moradores de Boa Esperança do Sul, na região central do Estado de São Paulo, estão em polvorosa desde que listas apontando atributos pejorativos e opções sexuais de jovens e adolescentes começaram a circular pelas redes sociais na cidade. O caso mobiliza também a Polícia Civil, que abriu inquérito após receber denúncias de cinco vítimas. Até a manhã desta sexta-feira, 18, 12 pessoas, entre vítimas e suspeitos, tinham sido ouvidas no inquérito.

Reprodução da 'listinha' com ofensas a jovens e adolescentes que circula pelas redes sociais em Boa Esperança do Sul, interior de SP Foto: Reprodução

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A chamada "listinha de Bes" (iniciais de Boa Esperança do Sul) começou a circular pelo aplicativo WhatsApp e ganhou outras redes sociais, como o Facebook. Nela aparecem os nomes de adolescentes e jovens conhecidas da cidade e, na frente, descrições ofensivas, como "crentinha safada" ou "sai com homem casado" e ainda "paga de santa, mas não é".

A lista começou a circular com alguns nomes e foi crescendo, até chegar a 25 citações. O conteúdo, que era repassado entre grupos de amigos, acabou se espalhando.

Um dos primeiros a procurar a polícia foi o pai de uma adolescente de 15 anos, difamada na listinha. Ele disse ao delegado Ricardo Farah que a filha virou motivo de piadas de mau gosto e se sentiu humilhada.

A mãe de uma garota rotulada como "lésbica decente" chegou a repudiar publicamente a lista.

De acordo com o delegado, a postagem caracteriza crime contra a honra, com pena prevista de um a três anos de prisão, além de multa. A pena é agravada nos casos que envolvem religião, raça ou cor. As pessoas que compartilharam ou distribuíram o material também podem incorrer no crime.

De acordo com o delegado, as pessoas já ouvidas deram indicações que podem levar a possíveis autores. A polícia deve requisitar informações às operadoras de celulares e o rastreamento de conteúdos divulgados pela internet.

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Em fevereiro de 2015, a cidade já viveu momento semelhante, quando foram divulgados vídeos associando garotas e rapazes da cidade com descrições ofensivas, como suposta opção sexual. Supostos autores foram ouvidos, mas ninguém foi condenado ou preso.

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