Moradores temem impacto da obra na região

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Por Clarissa Thomé
Atualização:

O movimento no Ponto Pergunta, um boteco de beira de estrada, aumentou muito. Nos "dias bons", o proprietário, José Pedro de Oliveira, de 63 anos, costumava servir três, quatro refeições no almoço. Hoje, com a obra da estrada-parque, são 52 marmitex, diariamente. "Tem gente que acha que passar no chão (sem asfalto) é mais gostoso, mas não tem carro que aguente. Se acham que o bom é estrada esburacada, vamos passar a mão na picareta e esburacar a Dutra", disse, numa crítica aos ambientalistas, que criticam o avanço das obras. A resposta de Oliveira dá a medida do clima em Visconde de Mauá. A região está dividida. "É um tiro no pé", resume o fotógrafo Igor Bier Pessoa, que vive há 20 anos ali, entre idas e vindas. "A região só ficou preservada assim porque economicamente não deu certo. Em vez de aproveitar a sua vocação de um turismo mais restrito, querem se abrir à especulação estúpida." O funcionário aposentado do Banco Central Joaquim Moura, de 63 anos, que se mudou há 8 para Mauá, afirma que paralisar a obra não interessa a ninguém. "A gente quer aprofundar a discussão sobre os impactos negativos e positivos, e as medidas para controlar a destruição", diz. Já a professora Eliane Bastos, de 57 anos, comemora a pavimentação da estrada. "É uma região que não tem hospital. Mulheres já tiveram seus filhos descendo essa estrada esburacada numa Kombi. É uma questão de segurança", defende.

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