MPL tem atitude 'antidemocrática' e 'desrespeitosa', diz secretário
Movimento Passe Livre não compareceu à reunião convocada pelo Ministério Público do Estado com o Governo Estadual e a Prefeitura de São Paulo para tentar evitar protestos violentos
O secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse nesta quinta-feira, 14, que o Movimento Passe Livre (MPL) age de forma "antidemocrática" e "desrespeitosa" por não divulgar previamente o trajeto das manifestações em São Paulo e por ter "se negado ao diálogo".
O Ministério Público do Estado de São Paulo convocou uma reunião nesta quinta para intermediar os conflitos que têm ocorrido entre Polícia Militar e manifestantes. O MPL não compareceu à reunião. Militantes informaram ao Estado que não conseguiriam chegar a tempo. Moraes lamentou a ausência do grupo.
Em protestos, estratégias da PM e de manifestantes variam de pedradas a blindados israelenses
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Blindados Israelenses
Presentes na manifestação contra o aumento da tarifa, os blindados são equipados com sistemas não letais para dispersar tumultos: podem lançar jatos d... Foto: DivulgaçãoMais
Blindados Israelenses
Os veículos são os mesmos usados por Israel para conter palestinos na Faixa de Gaza e e o seu uso chegou a ser cogitado durante a Copa do Mundo, mas o... Foto: José PatrícioMais
Bomba de Gás
A bomba de gás lacrimogêneo é uma das principaisarmas não letais da PM. Ela pode ser arremessada com a mão ou com uma arma lançadora e provoca irritaç... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Bombas de Efeito Moral
Jáas bombas de efeito moral são variadas. As mais comuns fazem barulho. Apesar de ser considerada de baixo potencial ofensivo, estilhaços após a explo... Foto: Sebastìio Moreira/EFEMais
Spray de Pimenta
O spray de pimenta é usado em manifestações, ocorrências policiais e defesa pessoal. É um tipo de gás lacrimogêneo, geralmente obtido com extrato de p... Foto: Robson Fernandjes/EstadãoMais
Bala de borracha
A bala de borracha só é usada em manifestações consideradas mais violentas.No protesto de estudantes contra a reorganização da rede de ensino, por exe... Foto: Daniel TeixeiraMais
Bala de Borracha
Mesmo com a ponta de borracha, abala é capaz de provocar ferimentos graves. Policiais devem mirar da cintura para baixo, mas nem sempre atingem uma re... Foto: Daniel Teixeira/EstadãoMais
MPL
Protagonista dos atos contra o reajuste, o Movimento Passe Livre (MPL) ganhou os holofotes em 2013, ao impulsionar grandes protestos naquele ano. Foto: Tiago Queiroz/Estadão
MPL
O MPL organiza atos pacíficos e sempre buscou dissociar sua imagem dos black blocs, sem, no entanto, condenar a atuação violenta. Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Trajeto
O MPL não negocia com antecedência o percurso dos atoscom a PM. Segundo a corporação, a estratégia dificulta o planejamento de trânsito e de segurança... Foto: Nilton Fukuda/EstadãoMais
Queima
Em alguns protestos, o MPL faz atos simbólicos com queima de imagens. Os manifestantes são aa favor da tarifa zero ejá colocaram fogo em catracas de p... Foto: Daniel Teixeira/EstadãoMais
Ação Direta
A tática black bloc é usada por manifestantes que consideram legítima a violência contra grandes empresas e Estado. O grupo atua por meio da chamada "... Foto: Gabriela Biló/EstadãoMais
Ritual
Nos atos, os black blocs usam máscara ou camisa preta para cobrir o rosto. Eles costumam se reunir pouco antes dos protestos ainda sem estar caracteri... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Ritual
Entre os black blocs, o ritual de encobrir a face é chamado de "morfar" - uma referência a série de televisão Power Rangers. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Tropa do Braço
A PM já usou um "pelotão ninja". O grupo é especializado em artes marciais e foi treinado para atuar sem armas de fogo. Foto: JF Diorio/Estadão
Envelopamento
O "envelopamento" é uma estratégia da PM para isolar manifestantes. A tática foi usada no protesto com maior número de detidos em São Paulo, em fevere... Foto: JF Diorio/EstadãoMais
Ação direta
Os principais alvos dos black blocs são agências bancárias, concessionárias e lojas. Também já depredaram ônibus, lixeiras e telefones públicos. Foto: Felipe Rau/Estadão
Linha de Frente
A maior parte dos adeptos da tática black bloc é formada por jovens. O grupo se considera a linha de frente dos protestos. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Visibilidade
Os black blocs também atuam para atrair atenção da imprensa - e, consequentemente, para a causa da manifestação. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
Confronto
Black blocs geralmente protagonizam confrontos com a PM. Eles usam pedaços de madeira, pedra, corrente e até coquetel molotov, um explosivo fabricado ... Foto: Nacho Doce/ReutersMais
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Uma nova mediação foi marcada para a próxima segunda-feira, 18, às 10 horas. O procurador-geral Márcio Elias Rosa propôs que haja uma reunião prévia com o MPL e, posteriormente, com governo do Estado e Prefeitura. O MP foi procurado pelo prefeito Fernando Haddad (PT), que tenta pacificar os protestos e evitar que as ruas se transformem em um palco de guerra entre PM e manifestantes.
"É um verdadeiro desrespeito o que esse movimento está fazendo com a população de São Paulo", disse o secretário, referindo-se à falta de divulgação do percurso com antecedência. Para Moraes, o MPL tem uma atitude antidemocrática por desrespeitar a Constituição Federal. "Além de não comunicar (o trajeto), não há nada mais antidemocrático do que se negar ao diálogo", disse.
O secretário afirmou que o MPL teria alterado os dois locais e o horário dos protestos desta quinta. O que está previsto para ocorrer às 17 horas no Teatro Municipal teria sido modificado para a Praça da Sé. O outro, que acontecerá simultaneamente, seria transferido para o Largo da Batata. O secretário não especificou a mudança em relação ao horário.
Por causa das alterações, conforme Moraes, a polícia ainda não determinou o trajeto da manifestação. Ele negou que seja "arbitrária" a rota definida pela PM. "Não podemos ficar a mercê de um grupo que não está querendo se manifestar, mas quer causar baderna."
Segundo o secretário, houve "necessidade" de dispersar o ato da última terça-feira, 12, porque os manifestantes estariam "se lançando" contra o bloqueio feito pela PM. Os manifestantes tentavam seguir pela Avenida Rebouças em direção ao Largo da Batata e a polícia queria que o ato caminhasse até a Praça da República pela Rua da Consolação. Nos atos desta quinta, Moraes disse esperar que não haja necessidade de dispersão do ato.
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O secretário municipal de Governo, Chico Macena, participou da reunião representando a Prefeitura. Ele cobrou a definição prévia do trajeto para realizar o desvio de linhas de ônibus e a organização do tráfego. O representante municipal fez um apelo para que o diálogo seja feito "de forma pacífica". Questionado sobre a atuação da PM, Macena disse que não é a Prefeitura que deve averiguar se houve abuso policial, mas o Ministério Público e a própria polícia.
"Se abusos existiram, a população de São Paulo pode ficar tranquila que a Secretaria de Segurança Pública não vai compactuar com nenhum abuso", disse Moraes. Segundo ele, dois manifestantes presos no último ato continuam detidos e devem ser acusados de organização criminosa. De acordo com o secretário, mais de 50 inquéritos foram instaurados contra manifestantes desde junho de 2013.