Sonho de consumo dos vestibulandos, a Universidade de São Paulo (USP) não é a primeira opção entre todos os aprovados no processo seletivo. Dos convocados ontem pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), que organiza a seleção para a USP, quase um em cada cinco não deve fazer a matrícula, segundo a média dos últimos anos. Dos aprovados na primeira chamada de 2013, 18,9% não se inscreveram. Na edição anterior, o índice foi mais alto: 21,7%. Com o objetivo de mapear os motivos pelos quais parte dos selecionados desistiu da USP, a universidade aplicou questionários aos candidatos das edições de 2011 e 2012 que foram aprovados, mas não se matricularam.No estudo, porém, a Fuvest esclarece que a real proporção de desistentes em 2011 foi menor porque também havia candidatos com o ensino médio incompleto e que estavam impedidos de iniciar a graduação. Já a taxa final de aproveitamento das vagas é alta - menos de 2% ficam ociosas após todas as chamadas do vestibular.O levantamento revelou que, além da qualidade de ensino, aspectos pessoais dos candidatos pesam bastante na escolha da instituição. A localização da faculdade na cidade ou a distância em relação ao município de origem do candidato foram os motivos mais fortes para desistências. Depois, as dúvidas vocacionais surgem como razões expressivas para o não ingresso na USP. Em 2011 e 2012, por exemplo, cerca de 15% dos que se matricularam em outra faculdade em um curso diferente daquele em que foram aprovados na Fuvest alegaram dúvidas na escolha de carreira. É o caso de Luiza Lameira Carrico, de 16 anos, aprovada em Psicologia na Fuvest, que não pretende estudar no câmpus Butantã. "Também passei em Direito na PUC e percebi que é um curso com mais opções no mercado", conta.Como a inscrição para o vestibular da PUC foi depois da Fuvest, ela diz que teve mais tempo para pensar. "Estarei em outra ótima universidade", diz.Prioridade. Josué Batista, de 18 anos, também fez a Fuvest, mas sua prioridade já era o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), por reunir cursos de referência em Engenharias. "Mesmo que aprovado na USP, tento o ITA de novo no próximo vestibular", conta ele, que almeja cursar Engenharia Aeronáutica. Para o diretor do Cursinho da Poli, Gilberto Alvarez, o Giba, a tendência é que o número de desistentes cresça nos próximos anos. "Com o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o universo de possibilidades do aluno de São Paulo se abriu muito", avalia. Segundo ele, as dificuldades dos jovens ao escolher os cursos também explicam as taxas de não comparecimento.