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O homem que criou o Réveillon na Avenida Paulista

'Deixei minha marca', afirma o executivo Fernando Elimelek, que organiza a festa há 16 anos

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Por Vitor Hugo Brandalise - O Estado de S.Paulo

Fincar raízes no chão da cidade. Em 1996, o executivo egípcio com nacionalidade espanhola Fernando Elimelek - de 67 anos, morador de São Paulo desde os 13 - deu sentido especial à frase-chavão. No fim daquele ano, mandou abrir fendas de 6 metros de profundidade na calçada da Avenida Paulista, onde instalou as bases de sua "maior contribuição à cidade": os buracos abertos na via mais famosa de São Paulo servem até hoje para sustentar o palco da Festa da Virada, organizada por Elimelek desde a primeira edição, no réveillon de 1996-1997. "É a prova física", diz ele, "de que deixei minha marca". Organizar as 16 edições do Réveillon na Paulista é o maior orgulho do executivo, dono de currículo em que aparecem eventos importantes da cidade, como o Salão do Automóvel, o festival Skol Sensation, a torcida no Vale do Anhangabaú em tempos de Copa do Mundo, além da direção do Playcenter enquanto o parque existiu. "O réveillon é especial porque representou a quebra de um tabu. Quando sugeri a Virada, diziam que 'não era coisa de paulista' e questionavam 'quem iria querer passar a virada de ano em São Paulo'", lembra o empresário. "Descobrir se o Réveillon na Paulista iria emplacar era a grande questão no lançamento." Pelo que indicam os números da SPTuris e da Playcorp, empresa da qual Elimelek é sócio-fundador, já não há dúvidas de que o evento "emplacou". Se na primeira edição da virada cerca de 200 mil pessoas se reuniram em volta do palco montado na esquina da Paulista com a Alameda Ministro Rocha Azevedo, no ano passado foram cerca de 2,5 milhões de pessoas, segundo a SPTuris. É o mesmo número esperado para a festa de amanhã. O que não mudou foi o conceito da festa, marcada por atrações musicais que variam entre o rock e o samba, o MPB e o axé. "Em São Paulo não há escolha: é preciso agradar a todos. É a fórmula que seguimos." Na primeira edição, o público escutou Lulu Santos, o boi-bumbá de Arlindo Júnior, o "axé music" da Carnasampa - uma mistura, segundo o Estado de 2 de janeiro de 1997, "aprovada pelo público". A ideia de criar um réveillon oficial, conta, surgiu da vontade de "preparar a cidade, cinco anos antes, para a Virada do Milênio". "Criar uma festa que deu certo, frequentada por milhões. É ou não é motivo para satisfação a vida toda?", empolga-se o empresário, ritmando as palavras por batidas secas no tampo de mármore branco de sua sala na sede da empresa, no Pacaembu. Cobrindo as paredes da sala, 19 fotos de seus eventos. A maior delas, de um metro e meio de comprimento, retrata a Avenida Paulista tomada no réveillon. A central, menor, mostra a pirâmide metálica construída no palco da primeira edição, cujo tema foi "Energização". Pirâmides, aliás, estão presentes na cenografia de três edições da festa. Apenas coincidência, assegura, "sem relação" com sua ascendência egípcia. Festas temáticas. Todo Réveillon na Paulista tem um tema, um conceito que define a decoração de palco e avenida. Neste ano, a decisão foi celebrar "o amor pela cidade", com balões infláveis em forma de coração nas esquinas da Paulista. "Detectamos que o paulistano quer mais cuidado com a cidade. Seja em manifestações elogiosas, ou críticas. Buscando uma visão positiva, vamos celebrar esse amor", explicou o braço direito de Elimelek, Marcelo Flores. Ao longo dos 16 anos de réveillon, um dos temas recorrentes foi a "energia" da cidade. "Se o Rio tem belezas naturais, nós mostramos uma São Paulo feita pelo homem, criada para o uso de sua população. Por isso a energia e o investimento em tecnologia", conta Elimelek, pioneiro no uso de canhões a laser no País, nos anos 1980. E é pelas características da "cidade feita pelo homem" que o empresário - formado na primeira turma de publicidade da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em 1974 - realiza eventos em locais emblemáticos paulistanos. "Não contamos com a natureza, trabalhamos com monumentos." Isso explica o primeiro telão para transmissão pública de futebol da cidade - 81 televisores unidos - ter sido montado na frente do Teatro Municipal na Copa de 1990, e a escolha do Vale do Anhangabaú para receber os telões de outros três mundiais. É também o motivo de fazer o Réveillon na Paulista. Para desbancar a atração que define como "maior evento da cidade", ele cita só a festa que não se repetirá tão cedo. Corintiano desde pequeno, Elimelek organizou o Centenário do Corinthians, em setembro de 2010. Cantou com os jogadores até de manhã. E sente orgulho ter organizado uma festa histórica para o time do coração? "Rapaz! Quase morro!", anima-se novamente, antes de outro murro no tampo da mesa. 'Deixei minha marca', afirma o executivo Fernando Elimelek, que organiza a festa

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