Polícia rodoviária faz a maior apreensão de drogas da história em vias federais paulistas

Foram encontradas 4,48 toneladas de maconha uma carreta na Régis Bittencourt, na região de Itapecerica da Serra, além de 394 quilos de fenacetina, usada para 'benzer' cocaína

PUBLICIDADE

Por Felipe Resk
Atualização:

Atualizado às 18h01

PUBLICIDADE

SÃO PAULO - A Polícia Rodoviária Federal (PRF) realizou na noite desta quinta-feira, 26, sua maior apreensão de drogas da história em rodovias federais dentro do território do Estado de São Paulo. A operação também foi a maior deste ano em todo o Brasil. Ao todo, foram encontradas 4,48 toneladas de maconha escondidas em meio a sacas de milho no interior de uma carreta na Rodovia Régis Bittencourt, na região de Itapecerica da Serra, Grande São Paulo. Os policiais descobriram ainda 394 quilos de fenacetina, medicamento usado para "benzer" a cocaína - ele é misturado à droga para aumentar o volume destinado à venda ilícita.

A carga era transportada por um motorista de 39 anos e foi descoberta depois que os policiais rodoviários desconfiaram da placa do veículo, de Foz do Iguaçu, no Paraná - um dos principais pontos de entrada de droga estrangeira no Brasil. A carreta foi parada por policiais rodoviários por volta das 21h15 desta quinta, na altura do quilômetro 299 da Rodovia Régis Bittencourt.

Inicialmente, o motorista apresentou uma nota fiscal falsa de carregamento de milho aos policiais mas teria relutado em mostrar a carga. "Quando a lona foi retirada subiu logo o cheiro de maconha", afirmou o inspetor Luís Carlos Maciel Junior, chefe de comunicação da PRF. A droga estava organizada em tijolos, cada um com cerca de 30 kg, e a fenacetina, distribuída por pelo menos 12 galões.

A quantidade apreendida pela PRF é equivalente a 35% de toda a droga encontrada em São Paulo pela corporação no ano passado inteiro, quando 12,8 toneladas foram interceptadas por policiais rodoviários. Até o momento, as maiores apreensões em rodovias federais no Estado não haviam chegado a 2 toneladas, afirma a PRF. Para se ter uma ideia, com a quantia encontrada seria possível fazer cerca de 4,5 milhões de cigarros, que, enfileirados, poderiam ligar a cidade de São Paulo ao Rio de Janeiro. 

Os policiais rodoviários encontraram a droga escondida em meio a sacos de milho Foto: Felipe Resk/Estadão

"A droga estava coberta por cima e pelos lados, de forma que não seria vista sem retirar parte do milho", diz o inspetor da PRF. O motorista L. R. P. foi preso em flagrante. O veículo demorou mais de três horas para ser descarregado na sede da Polícia Federal em São Paulo, onde a carga foi pesada. Cães farejadores também foram usados para tentar encontrar drogas escondidas em outros compartimentos da carreta, como a quinta roda e o tanque de combustível.  Aos policiais, L. R. P. afirmou que a carreta havia sido carregada por outra pessoa no Paraguai e a carga seria levada até a cidade de Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte. Também afirmou que ia receber R$ 30 mil pelo transporte. Segundo a PRF, o motorista tem passagem pela polícia por violência doméstica. Ele vai ser indiciado por tráfico internacional de drogas e pode ser condenado de 5 a 15 anos de prisão, mais um sexto da pena. Investigação. A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar quem são os donos da remessa. Como a quantidade de droga encontrada é acima do comum, há a possibilidade de a carga pertencer a mais de uma quadrilha: os grupos criminosos teriam se juntado para baratear os custos. Para tentar chegar aos responsáveis, os policiais vão rastrear ligações do celular do motorista, apreendido na operação. A PRF também acredita que a carreta era escoltada por batedores, que fugiram após a abordagem. A suspeita se dá principalmente por causa de um rádio transceptor, recém-instalado, que foi encontrado no veículo e pode ter sido usado para o motorista se comunicar e receber instruções ao longo da viagem. A carga vai ficar presa no depósito da PF até que seja dada ordem judicial para incineração.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.