Terraço do 1º arranha-céu de SP reabre ao público

Localizado no 26º andar do tradicional Edifício Martinelli, ele estava fechado para reforma desde outubro de 2007; custo foi pago pelos condôminos

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Por Cristiane Bomfim
Atualização:

A cobertura do Edifício Martinelli, que estava fechada para reforma desde outubro de 2007, foi reaberta ontem para visitação. Do 26.º andar do prédio, que tem 100 metros de altura, é possível ver quase toda a cidade: as ruas movimentadas do centro da capital, o vizinho prédio do Banespa, a Catedral da Sé e o Largo São Bento, entre outros. A obra de restauração do terraço durou dois anos e meio. Segundo o administrador do prédio, Walter Camargo, de 54 anos, o piso foi impermeabilizado e substituído por outro idêntico. As janelas, as portas e as escadas também passaram por reforma e mantêm as características originais. O custeio foi pago pelos condôminos do edifício, entre eles as Secretarias Municipais de Habitação e Controle Urbano e um banco. A Prefeitura, no entanto, não informou com quanto contribuiu.Inaugurado em 1929 como o maior arranha-céu de São Paulo - hoje o título é do Mirante do Vale, no Anhangabaú, com 51 andares e 170 metros -, o Martinelli passou por uma restauração completa entre 1975 e 1979. "Nas décadas de 1960 e 1970, o prédio - que nos anos 1940 tinha cinema, casa de chá e era um ponto turístico na cidade - passou por uma fase muito grande de decadência", explica Camargo. O local virou uma favela vertical. Em 1992, foi tombado como patrimônio histórico.O auxiliar de manutenção, Francisco Inácio de Araújo, de 53 anos, viu a decadência do prédio e ontem foi um dos primeiros a subir no elevador até a cobertura. "Eu trabalhava no centro quando o prédio passou pela primeira reforma. Estava num estado que dava até dó. Sempre quis vir aqui e hoje estou achando bom", conta.Para ele, faltou cuidado público em manter o prédio. "Acho que, com essa abertura, a população vai poder conhecer pontos importantes da cidade e cobrar mais do governo para que estejam em boas condições", diz.O geógrafo e professor André Poiato, de 38 anos, pretende incluir o Martinelli no roteiro de aulas de estudo de São Paulo. "É um prédio histórico e bonito. Hoje levo meus alunos do ensino médio para o edifício do Banespa, mas acho que vou trocar por este, que é mais espaçoso", comenta. A única queixa dele é o fato de o edifício não ser um espaço de cultura, aberto por inteiro à população.História. O edifício começou a ser erguido em 1924 pelo italiano Giuseppe Martinelli. A ideia inicial era que ele tivesse 12 andares, mas chegou a 30. Na cobertura, no 26º, o italiano construiu uma casa de quatro andares para mostrar que o prédio era seguro e não cairia.O edifício se tornou um ícone de São Paulo dos anos 1930. Em 1931, o inventor do rádio, Guglielmo Marconi, em viagem a São Paulo, visitou o topo do prédio. Dois anos depois, quando o zepelim sobrevoou a capital, o Martinelli estava na rota. Com problemas financeiros, Martinelli vendeu o edifício ao governo italiano em 1934. Com a 2.ª Guerra Mundial, o imóvel foi confiscado pelo governo brasileiro.QUEM FOIGIUSEPPE MARTINELLIIDEALIZADOR DO PRÉDIOO imigrante italiano Giuseppe Martinelli chegou ao Brasil em 1889, desembarcando no Rio. Em cerca de duas décadas, conhecido como Comendador Martinelli, já tinha um patrimônio razoável e era dono de várias empresas. No início dos anos 1920, decidiu construir o primeiro arranha-céu de São Paulo. A obra começou em 1924, em um terreno considerado nobre na época. Anos depois, mudou-se para o Rio.ServiçoVISITAS AGENDADAS. ÀS SEGUNDAS, TERÇAS E SEXTAS-FEIRAS, DAS 9H30 ÀS 11H30 E DAS 14H30 ÀS 16H30. AOS SÁBADOS, A ENTRADA É PERMITIDA ATÉ AS 13 HORAS. TEL.: 3104-2477. GRÁTIS

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