Tráfico domina rua a quatro quadras da Paulista e faz feira livre das drogas

'Estado' flagrou ação de traficantes que abordam adolescentes na Rua Peixoto Gomide para vender maconha, cocaína, LSD e ecstasy; vendedores circulam entre carros e dominam área durante as madrugadas. Polícia diz que já fez operações de repressão na região

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Por Diego Zanchetta
Atualização:

"Cocaína, balinha (ecstasy), doce (LSD), lança-perfume, GHB em gotas, iPhone 5S desbloqueado", gritam vários jovens ao mesmo tempo. Os traficantes têm como clientela cativa três públicos: menores de idade que bebem nas ruas, o público GLS de boates da região e turistas estrangeiros. O pino de cocaína custa R$ 20 e a cartela com 20 ácidos (LSD), R$ 200.Assim como ambulantes que tentam vender seus produtos em pontos turísticos do Brasil, os traficantes param qualquer pedestre sem cerimônia, seja ele um menor de idade ou um adulto com mais de 50 anos. Não há restrições."Olha o pino, três por quatro só agora hein, cheinho até a boca", grita um dos jovens que vendem droga. Ele também carrega um tubo de adoçante com GHB. "Me dá R$ 30 e eu coloco cinco gotonas ‘servidas’ na sua boca já", oferece um traficante à reportagem do Estado.Movimento. Sob um calor de 31ºC, alguns traficantes usam casacos e moletons para guardar as drogas nos bolsos. A falta de iluminação em alguns postes da rua ajuda o trabalho de negociação com os clientes.Alguns jovens que trabalham para os grupos parados na Rua Peixoto Gomide saem pela Rua Augusta com caixa de balas e chicletes, mas oferecem ácido e ecstasy escondidos sob doces. Quando acaba a droga, eles voltam para a Peixoto Gomide para repor os pinos de cocaína e cartelas de ácido.As drogas são vendidas e consumidas ali mesmo no quarteirão da Rua Peixoto Gomide, transformado em território livre. Grupos de adolescentes sentam na calçada do outro lado da rua, onde não estão os traficantes, e cheiram cocaína tranquilamente. Segundo relato de usuários à reportagem, porém, a maior parte das drogas vendidas é de baixíssima qualidade.Nenhum policial militar coibiu a venda ou revistou traficantes nas madrugadas em que o Estado acompanhou a movimentação. Na duas noites, passaram pelo quarteirão 12 carros da Polícia Militar - três deles da Força Tática. A PM informou, por meio de nota, que faz policiamento ostensivo na área. Segundo a corporação, foram detidas 390 pessoas em flagrante e apreendidos 8,3 kg de drogas e 13 armas de fogo no ano passado.Também por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que ações conjuntas da PM, Polícia Civil e Guarda Civil Metropolitana foram realizadas na área neste mês, "com intuito de coibir não apenas o tráfico, mas também o ativo comércio ambulante clandestino de bebidas alcoólicas". Três menores foram apreendidos. / COLABOROU ALEX SILVA

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