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Afinal, quantos passos por dia garantem longevidade? Revisão de estudos responde

É possível ter benefícios significativos com um número comparativamente pequeno de passos diários, ressaltam pesquisadores

Por Dani Blum

THE NEW YORK TIMES – Os cientistas do exercício há muito tempo desmascararam a noção de que você precisa dar 10 mil passos por dia para se manter saudável e viver mais. Mesmo um pouco de movimento já é bom, argumentam eles, embora mais seja melhor. Agora, um novo estudo ressalta que as pessoas podem colher benefícios significativos com um número comparativamente pequeno de passos diários.

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Pesquisadores analisaram 17 estudos que avaliaram quantos passos as pessoas davam, normalmente no período de uma semana, e acompanharam seus resultados de saúde após cerca de sete anos. Eles concluíram que o hábito de caminhar pouco menos de 4 mil passos por dia reduzia o risco de morte por qualquer causa, inclusive por doenças cardiovasculares.

Isso se traduz em uma caminhada de 30 a 45 minutos, ou cerca de 3 quilômetros, embora varie de pessoa para pessoa, disse Seth Shay Martin, cardiologista da Johns Hopkins Medicine e autor do estudo. Mas, quanto mais passos você der, melhor: o risco de mortalidade diminuiu 15% a cada mil passos adicionais que os participantes deram.

“É o melhor remédio que podemos recomendar: dar um passeio”, disse Randal Thomas, especialista em cardiologia preventiva da Clínica Mayo que não esteve envolvido no estudo.

O estudo não conseguiu provar definitivamente se os passos em si diminuíram o risco de desenvolver doenças e morrer, ou se as pessoas que tendem a ser mais saudáveis também dão mais passos ao longo do dia. E como os pesquisadores combinaram dados de estudos para determinar a meta de 4 mil passos, isso pode não conferir o mesmo benefício para todas as pessoas, disse Jennifer Heisz, professora associada da Universidade McMaster e autora de Move the Body, Heal the Mind, que não esteve envolvida no estudo.

“Não gostaria que as pessoas olhassem para isso como um número mágico, que você deve estar acima da contagem exata de passos”, disse Martin. “A ideia é: quanto mais, melhor”.

Esse princípio já está bem estabelecido nas pesquisas sobre exercícios, disse I-Min Lee, professora de medicina na Harvard Medical School e especialista em contagem de passos e saúde, que também não esteve envolvida no estudo. Mas a nova pesquisa enfatiza que o condicionamento físico não é “tudo ou nada”, disse ela: cada exercício ajuda. As pequenas pausas para movimento incorporadas ao nosso dia – ir do quarto até o banheiro, sair correndo para pegar um café – se somam e fazem a diferença, disse ela.

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Uma caminhada ao redor do quarteirão já contribui bastante com a contagem de passos no dia a dia. Foto: Freepik

Mas as pessoas que não se consideram ativas, ou que podem ter dificuldade em fazer exercício devido a problemas crônicos, às vezes subestimam o valor do movimento que conseguem fazer, disse Heisz. Dar uma volta extra no quarteirão ou sair para uma caminhada de 10 minutos pode ter um grande impacto.

As pessoas que estão no limite superior da contagem de passos nestes estudos provavelmente já estão se exercitando, seja correndo ou praticando esportes, disse Lee. São as pessoas que dão poucos passos que podem se beneficiar mais se fizerem um pouco mais de movimento.

Para incorporar esse exercício extra, as pessoas podem começar avaliando seus passos, seja com um monitor de condicionamento físico ou um contador de passos embutido no smartphone, e pensar em como adicionar apenas uma caminhada ao dia, disse Martin. Isso pode significar uma reunião por telefone enquanto caminha, em vez de uma videochamada, estacionar o carro mais longe ou levar os filhos ao parque, sugeriu ele.

“As pessoas pensam: ‘Oh, isso não vai chegar a 10 mil passos, não estou nem perto, então por que me preocupar?’”, disse Heisz. “É uma coisa desanimadora. Mas dizendo e mantendo este mantra de que um pouco já é melhor que nada, acho que você realmente pode obter benefícios físicos e de saúde mental com pequenas pausas para movimento. Este artigo foi originalmente publicado no New York Times / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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