Após ameaça de ação judicial por Sputnik V, instituto russo rebate Anvisa em carta

Principal defesa é de que o imunizante tem só dois adenovírus não replicantes, segundo os russos, inofensivo para humanos

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Por Paulo Favero e Pedro Venceslau
Atualização:

Após os desenvolvedores da vacina Sputnik V ameaçarem processo contra a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Instituto Gamaleya, ligado ao Ministério da Saúde da Rússia, rebateu na tarde desta quinta-feira, 29, em 30 pontos, as críticas do órgão regulador brasileiro sobre o produto contra a covid-19. No documento de 55 páginas, a principal defesa é de que o imunizante tem só dois adenovírus não replicantes, segundo os russos, inofensivo para humanos.

"Apenas os tipos E1 e E3 vetores adenovirais não replicantes, que são inofensivos para o corpo humano, são usados na produção da vacina Sputnik V", afirma o documento, ao qual o Estadão teve acesso, logo em sua primeira página. Segundo o texto, a ausência de adenovírus replicantes-competentes (RCA) foi confirmada por três lotes selecionados protocolados. 

Vacina russa Sputnik V ainda não tem aprovação da Anvisa Foto: Agustin Marcarian/Reuters

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"O Instituto Gamaleya (órgão científico russo) que conduz rígidos controles de qualidade de todos os locais de produção da Sputnik V, confirmou que nunca algum adenovírus replicante-competente (RCA) foi encontrado em nenhum lote de vacina Sputnik V que foi produzida", prosseguiu a carta. 

A Anvisa, por sua vez, diz que a presença do adenovírus foi constatada pela agência baseada em documentos enviados pelos próprios desenvolvedores da vacina. Esse foi um dos principais problemas listados pelo órgão regulatório brasileiro para negar o aval à importação do imunizante pelos governadores. 

"Não é o único ponto, existem outros também", explicou Antonio Barra Torres, diretor-presidente da Agência, lembrando que o órgão não fez a análise laboratorial do imunizante.

O documento assinado por Alexander Vasilievich Pronin reforça ainda a segurança do imunizante, dizendo que a eficácia é de 91,6% e que a vacinação em massa de 3,8 milhões de pessoas na Rússia apresentou eficácia de 97,6%. "Nós acreditamos que toda farta informação que providenciamos para a Anvisa incluindo qualidade, dados clínicos e evidências reais reforçam o quanto a Sputnik V é uma das melhores vacinas no mundo e completamente segura para a população brasileira."

Polêmica

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O veto da Anvisa para a importação da Sputnik V deixou os governadores do Consórcio Nordeste e do Consórcio Brasil Central indignados. Eles já têm acertada a compra de 29,6 milhões de doses neste primeiro momento para ajudar na vacinação de 10 Estados: Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Sergipe, Pernambuco e Rondônia. A Anvisa reforça que a decisão foi completamente técnica e não política, e por isso fez questão de explicar nesta quinta-feira em mais detalhes a negativa de importação.

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