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Casos e óbitos por aids caem 16% no País, diz Ministério da Saúde

Novo boletim aponta ainda que 73% das novas infecções foram em homens; SUS terá oferta de autoteste

Por Paula Felix
Atualização:
Dia Mundial de Luta contra a Aids é celebrado há 30 anos Foto: Pichi Chuang/Reuters

SÃO PAULO - O número de casos e óbitos por aids no Brasil caiu 16%, segundo novo boletim epidemiológico apresentado nesta terça-feira, 27, pelo ministro da Saúde Gilberto Occhi durante o lançamento da campanha que comemora os 30 anos do Dia Mundial de Luta contra a Aids. O ministério anunciou também que, a partir do próximo ano, serão distribuídos autotestes para detecção do vírus HIV no Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de um projeto-piloto em municípios de Estados como São Paulo, Rio, Paraná, Bahia e Amazonas.

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A taxa de detecção de aids passou de 21,7 casos por 100 mil habitantes, em 2012, para 18,3 no ano passado, uma queda de 15,7%. A taxa de mortalidade caiu 16,5%: de 5,7 óbitos por 100 mil habitantes (2014) para 4,8 (2017).

"Após esses 30 anos de luta contra a doença, é um momento de grande reflexão pelos avanços que temos conseguido. O Brasil tem sido uma referência mundial na questão do HIV e aids, naquilo que conseguimos reduzir na mortalidade e no avanço da doença e nas soluções para quem porta a doença. Também de reflexão sobre o que podemos fazer, alertar, a prevenção e a atenção para os nossos jovens", afirma Occhi.

Para o ministério, ações para melhorar o diagnóstico, como a oferta do teste rápido, e a redução do tempo entre a detecção da infecção e o início do tratamento estão ligadas à queda.

"O Ministério da Saúde adotou o teste rápido, que foi importante para o processo de detecção da infecção pelo vírus. A oferta passou de 11,5 milhões em 2017 para 12,5 milhões neste ano. Essa distribuição é fundamental para que seja garantido o rápido acesso ao tratamento. Tivemos um crescimento expressivo, desde 2009, na quantidade de pessoas em tratamento dentro do País", diz Osnei Okumoto, secretário de Vigilância em Saúde da pasta.

Em dez anos, no período de 2007 a 2017, também houve redução da taxa de detecção de HIV em bebês, que caiu 43%. A ampliação da testagem em gestantes pela Rede Cegonha contribuiu para que a transmissão vertical do vírus - da mãe para o bebê durante a gestação - apresentasse queda de 56% nos últimos sete anos.

"Realizamos as testagens no início e no final da gravidez. A participação do grupo multiprofissional de trabalho é importante para ter o tratamento dessas pacientes e para que não tenha a transmissão para os recém-nascidos."

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Entre 1980 e junho deste ano, foram identificados 926.742 casos da doença no Brasil - 40 mil casos por ano. Esse dado dos registros anuais é considerado preocupante, na avaliação de Mario Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). "Ainda que dados gerais possam mostrar alguma mudança, a epidemia persiste há muitos anos em patamares inadmissíveis. O Brasil não está conseguindo metas mais significativas. Com a história que o Brasil tem de combate à aids já era para ter diminuído há mais tempo. São dados que mostram um País estacionado em sua capacidade."

O levantamento mostra que 73% dos novos casos registrados no País ocorreram entre homens, dos quais 70% tinham entre 15 e 39 anos.

Autoteste

Vendido em farmácias, o autoteste começará a ser distribuído na rede pública a partir de janeiro. Serão 400 mil unidades nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba, São José do Rio Preto, Ribeirão Preto e São Bernardo do Campo, Rio de Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus. A proposta é entregar o teste para populações-chave e pessoas que fazem uso de medicamentos pré-exposição ao vírus e seus parceiros.

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"Com isso, teremos quebrado uma barreira muito grande, que é a mesma que a mulher enfrenta ao sofrer a agressão: o medo de como será atendido. Ao quebrar essa barreira, vamos melhorar a nossa sociedade", diz Occhi.

Para Scheffer, o ideal é que essa medida e a profilaxia pré e pós-exposição sejam cada vez mais oferecidas para a população, especialmente a mais vulnerável à infecção. Ele também defende a realização de campanhas. "Na população jovem é onde a aids mais avança e é preciso novas ações, campanhas com conteúdos e formatos que se aproximem dessas novas gerações."

Em 2017, a estimativa do Ministério da Saúde era de que 866 mil pessoas viviam com HIV no Brasil, das quais 559 mil são homens e 307 mil, mulheres. Desse total, 731 mil (84%) já tinham recebido o diagnóstico, 548 mil (75%) estavam em tratamento e 503 mil (92%) já tinham carga viral indetectável.

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