Estudo americano aponta que hidroxicloroquina é ineficaz contra coronavírus

Análise do governo dos EUA sobre tratamento em militares veteranos do país foi publicada no site do 'New England Journal of Medicine'

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A hidroxicloroquina, um medicamento utilizado contra a malária e amplamente promovido como uma possível cura para a covid-19, não mostrou eficácia contra a doença sobre o tratamento padrão e esteve de fato associado a mais mortes, segundo os resultados divulgados, na terça-feira, 21, do maior estudo desse tipo já relatado. 

A análise do governo dos Estados Unidos sobre tratamentos com o remédio em militares veteranos do país foi publicada no site do New England Journal of Medicine, e ainda não foi revisada por outros pesquisadores. Os cientistas analisaram os registros médicos de 368 veteranos hospitalizados em todo o país que morreram ou receberam alta até 11 de abril.

Apesar de alguns testes já feitos, ainda não há evidências que apontem para a eficácia da cloroquina contra o coronavírus Foto: Lindsey Wasson/Reuters

PUBLICIDADE

Esse experimento teve várias limitações importantes, mas aumenta um conjunto crescente de dúvidas sobre a eficácia desse medicamento, que tem o presidente Donald Trump e o canal Fox News entre seus principais patrocinadores. 

As taxas de mortalidade dos pacientes que receberam hidroxicloroquina foram de 28%, em comparação aos 22% dos tratados com a droga combinada com o antibiótico azitromicina, uma solução divulgada pelo cientista francês Didier Raoult, cujo estudo sobre o assunto em março levou a um aumento do interesse mundial pelo medicamento. A taxa de mortalidade para aqueles que receberam apenas atendimento padrão foi de 11%. 

Publicidade

A hidroxicloroquina, com ou sem azitromicina, era mais provável de ser prescrita para pacientes com condições mais graves, mas os autores do estudo descobriram que o aumento da mortalidade persistia mesmo após o ajuste estatístico das taxas de uso. 

Pesquisas anteriores descobriram que a droga é arriscada para pacientes com certos problemas de arritmia e pode causar desmaios, convulsões ou, às vezes, parada cardíaca neste grupo de pacientes. 

Os Estados Unidos são hoje o epicentro global da pandemia de coronavírus, com mais de 44,8 mil mortos e mais de 820 mil infectados. / AFP