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Mujica, ex-presidente do Uruguai, revela ter câncer no esôfago; conheça causas e sintomas da doença

Político contou que caso é complexo e tratamento por meio de quimioterapia pode não ser possível; segundo especialista, doença costuma ser assintomática no início, o que dificulta diagnóstico precoce

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Por Victória Ribeiro

O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, de 88 anos, anunciou nesta segunda-feira, 29, que está com um tumor no esôfago. O anúncio ocorreu após um checkup realizado na última sexta-feira. Segundo ele, o “órgão está muito comprometido”.

Em declarações a jornalistas, Mujica disse se sentir bem, porém, destacou a complexidade adicional do seu caso devido a uma doença autoimune diagnosticada há mais de duas décadas. Essa condição, que ele não especificou qual é, impactou diversos aspectos de sua saúde e, por isso, a realização tratamentos como quimioterapia ou cirurgia pode acabar dificultada.

Mujica foi presidente do Uruguai entre 2010 e 2015 Foto: Federico Anfitti/EFE

“Quero transmitir às meninas e aos meninos que a vida é bela, mas se desgasta. A questão é recomeçar cada vez que cair e, quando houver raiva, transformá-la em esperança. Ninguém é salvo sozinho”, declarou o ex-presidente uruguaio.

O que é o câncer no esôfago?

Segundo a oncologista e especialista em tumores gastrointestinais e neuroendócrinos da Oncoclínicas São Paulo, Renata D’Alpino, o câncer de esôfago acontece quando as células do revestimento interno do esôfago (tubo que vai da garganta ao estômago) passam a aumentar de maneira descontrolada. Contudo, a doença pode crescer, invadindo outras camadas do órgão ou mesmo outros órgãos ao redor.

Globalmente falando, a neoplasia está entre a oitava mais frequente e seu tipo mais comum é o adenocarcinoma, seguido pelo carcinoma de células escamosas. De acordo com Renata, é possível ainda que outros tipos de câncer também ocorram no esôfago. “Linfomas, melanomas e sarcomas podem surgir na região, mas vale lembrar que eles são bastante raros”, disse, em comunicado.

  • Carcinoma de células escamosas: a camada interna do esôfago (mucosa) é revestida por células escamosas. O câncer que começa nessas células é chamado de carcinoma de células escamosas. Ele pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do esôfago, mas é mais comum na região do pescoço (esôfago cervical) e nos dois terços superiores da cavidade torácica (esôfago torácico superior e médio).
  • Adenocarcinoma: os cânceres que começam nas células da glândula (células que produzem muco) são chamados de adenocarcinomas. São frequentemente encontrados no terço inferior do esôfago (esôfago torácico inferior).

Os sintomas

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Quanto aos sinais da doença, a oncologista explica que, na grande maioria dos casos, o câncer de esôfago é assintomático em fases iniciais, o que pode dificultar o diagnóstico precoce.

Quando os sintomas aparecem, é possível notar dificuldade para engolir, dando a sensação de que a comida está presa na garganta. Outro sinal comum é a dor no peito, como se fosse uma pressão ou queimação, além de perda de peso sem causa aparente, que pode reduzir em até 10% ou mais do peso corporal do paciente.

Outros sintomas possíveis do câncer do esôfago podem incluir:

  • Rouquidão
  • Tosse persistente
  • Vômitos
  • Hemorragia digestiva

Como é a prevenção

Como forma de prevenção, é fundamental evitar alguns hábitos que podem aumentar o risco de desenvolvimento da doença, como:

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  • Ingerir bebidas quentes demais (em temperatura igual ou superior a 65º C)
  • Tabagismo
  • Inalar poeiras de construção civil, vapores de combustíveis, entre outros
  • Consumir bebidas alcóolicas
  • Exposição a ambientes com radiação ionizantes (raio X e gama)
  • Obesidade

“Felizmente, o câncer de esôfago pode ser prevenido, mas é importante que a população em geral deixe alguns hábitos de lado. Manter uma dieta equilibrada, não fumar, praticar atividades físicas regularmente e não ingerir bebidas alcóolicas ou quentes demais, como chás, chimarrão, entre outros, são alternativas para contornar o problema”, destacou a médica.

Vale lembrar ainda que a vacinação contra o HPV é fundamental para evitar que a doença apareça. Além do câncer de esôfago, a imunização contra o vírus também pode auxiliar na prevenção de outros tipos de tumores, como do colo do útero, ânus, boca, etc.

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Como é feito o diagnóstico

O médico pode solicitar uma endoscopia digestiva alta (EDA) com biópsia e, em seguida, após a confirmação da doença, exames de imagem para analisar o grau de disseminação do câncer. Os mais comuns são:

  • Endoscopia
  • Ultrassom endoscópico
  • Broncoscopia
  • Toracoscopia e laparoscopia
  • Tomografia computadorizada (TC)
  • PET-CT

Como é o tratamento

A partir do diagnóstico, o oncologista irá indicar o melhor tratamento para o câncer de esôfago, podendo variar entre cirurgia, radioterapia e quimioterapia (isolada ou combinada). Vale lembrar que quando o câncer de esôfago já se espalhou para outros órgãos, o tratamento envolve quimioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.

“Dependendo de cada situação, o médico pode indicar a combinação de tratamentos, como o caso da quimioterapia, podendo ser associada com a radioterapia antes da cirurgia. O objetivo, neste caso, é eliminar células cancerosas não observadas e ainda diminuir o tamanho do tumor”, disse Renata.

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