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Febre amarela volta a preocupar; veja perguntas e respostas sobre a doença

Entre os sintomas estão calafrios, dor de cabeça, dores nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza

Por Ligia Formenti , Bruna Toni e Juliana Diógenes
Atualização:
Medida mais eficaz contra a doença é a vacinação Foto: Divulgação

A Organização Mundial da Saúde (OMS) colocou nesta terça-feira, 16, todo o estado de São Paulo em área de risco para febre amarela. A entidade fez o alerta para que todos os estrangeiros que visitarem a cidade estejam vacinados contra a doença. Nesta terça, o governo de São Paulo antecipou a campanha de vacinação. 

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O número de mortes por febre amarela confirmadas no Estado de São Paulo desde janeiro de 2017 subiu para 21, conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde. Somados, os 11 óbitos confirmados em 12 dias de 2018 são mais que o dobro dos 10 casos relatados em todo o ano passado. Também houve aumento nos casos autóctones (transmissão interna) da doença, que passaram de 29 para 40.

Chegou a 3 o número de mortos por febre amarela no Estado do Rio. Desde julho, todos os 92 municípios do Estado do Rio estão incluídos na área de recomendação da vacina, e a campanha de vacinação permanece. A secretaria estadual de Saúde reforça a importância da imunização.

+++ SP recebe nesta terça mais 500 mil vacinas contra febre amarela

Veja a seguir perguntas e respostas sobre a febre amarela: 

1. Por que a doença está de volta? Os primeiros sinais de que a febre amarela estava novamente ultrapassando a região amazônica começaram em 2014. Foi nesse período, de acordo com o Ministério da Saúde, que o País passou a ter uma "reemergência" da doença. Desde então, entre 2015 e 2016, foram confirmados 15 casos, com 10 mortes. As notificações foram feitas em Goiás, Pará, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pará e São Paulo. ​ O vírus de febre amarela nunca deixou de circular no Brasil na forma silvestre. A cada ciclo de aproximadamente 7 anos, no entanto, há um aumento de casos em áreas que ultrapassam a região da Amazônia. O fenômeno está associado a mudanças na população suscetível.  A última onda de casos em humanos ocorreu em 2009, quando a doença atingiu o Rio Grande do Sul, Estado que por 42 anos estava livre da doença. Na ocasião, 13 casos foram confirmados, com seis mortes. 

2. Como é transmitida? Pela picada de mosquitos portadores do vírus de febre amarela. Em regiões de campo e floresta, o principal mosquito transmissor é o Haemagogus. O vírus também pode ser transmitido pelo Aedes aegypti, na forma urbana da doença. Casos de transmissão urbana, no entanto, não são registrados no País desde 1942. 

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3. A febre amarela é transmitida de pessoa para pessoa? Não.

4. Qual é o papel dos macacos na transmissão? Primatas podem se contaminar com o vírus, exercendo também o papel de hospedeiros. Se picados, os animais transmitem o vírus para o mosquito, aumentando, assim, as chances de propagação da doença.

5. Quais sintomas provocados pela febre amarela? A febre amarela é classificada como uma doença infecciosa grave. Ela provoca calafrios, dor de cabeça, dores nas costas e no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Os primeiros sintomas aparecem entre 3 a 6 dias depois da infecção. 

6. Qual é a evolução da doença? Para maior parte dos pacientes, os sintomas vão perdendo a intensidade a partir do 3º ou 4º dia da infecção. Em alguns casos, no entanto, a doença entra em sua fase considerada tóxica. 

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7. O que ocorre nos casos graves? Cerca de 10% dos pacientes desenvolvem a forma grave da doença. Ela geralmente ocorre depois de um período breve de melhora dos primeiros sintomas da doença. A febre reaparece, há hemorragias, insuficiência hepática, insuficiência renal. Um dos sintomas é a coloração amarelada da pele e do branco dos olhos. Também não é incomum pacientes apresentarem vômito com sangue, um sintoma da hemorragia. Cerca de 50% dos pacientes que desenvolvem a forma grave da doença morrem num período entre 10 e 14 dias.

8. Qual é o tratamento para a doença? Não há um tratamento específico para febre amarela. A medida mais eficaz é a vacinação, para evitar a contaminação da doença.

9. Posso me vacinar a qualquer hora? Sim, a imunização é oferecida na rede pública de saúde e pode ser ​procurada a qualquer momento do ano. 

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10. Quais são as reações possíveis à vacina? Os efeitos colaterais graves são raros. Mas 5% da população pode desenvolver sintomas como febre, dor de cabeça e dor muscular de 5 a 10 dias. É infrequente a ocorrência de reações no local da aplicação.

11. A vacina deve ser tomada por toda a população? A vacina é contraindicada para crianças menores de seis meses, pessoas imunossuprimidas e com reação alérgica a ovo. Idosos acima dos 60 anos, gestantes, pessoas portadoras do vírus HIV ou com doenças hematológicas devem consultar um médico antes de se vacinar. Além dos viajantes, outros grupos terão de tomar a dose integral: crianças de nove meses a menores de dois anos e pessoas em condições clínicas especiais (que, antes, devem consultar o médico).

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12. Já sou vacinado. Preciso repetir a dose? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde, estudos mostram que uma só aplicação é capaz de dar imunidade por toda a vida. O Brasil era o único país a adotar ainda o esquema vacinal em duas doses. Em caso de dose fracionada, uma nova vacina deve ser tomada após nove anos. 

13. Quem tomou a vacina em dose integral há mais de dez anos deve tomar de novo? Desde 2017, o Ministério da Saúde adota a resolução da OMS: apenas uma dose é suficiente para proteger durante a vida toda. Sobre a possibilidade de contaminação mesmo tendo tomado a vacina, o Ministério da Saúde diz que “algumas pessoas podem não desenvolver anticorpos suficientes para proteger contra a doença, essa é uma situação rara, mas pode acontecer, por isso destacamos que a imunidade é entre 95% a 99%, ou seja, essa variação de 5% significa que não vai proteger entre 1% a 5% da população mesmo sendo vacinada.” Apesar da polêmica em torno do número de doses, do ponto de vista burocrático e internacional, os viajantes precisam ter tomado apenas uma dose integral na vida para obter o certificado.

14. Quem tem maior risco de evento adverso relacionado à vacina da febre amarela? Crianças menores de 6 meses, idosos, gestantes, imunodeprimidos, mulheres que estão amamentando e pessoas com alergia grave à proteína do ovo. 

15. Quando o viajante deve tomar a vacina contra a febre amarela?  A vacina é essencial para quem viaja a áreas endêmicas dentro do País. Segundo o Ministério da Saúde, hoje elas são: Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Maranhão, Piauí, Espírito Santo, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. Algumas delas, porém, apresentam mais riscos do que outras. E também para alguns países que exigem o certificado internacional de vacinação – Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP) – como forma de se protegerem da disseminação da doença. 

16. Quais países exigem o certificado? A lista atual tem mais de cem países. Depois dos recentes casos de contaminação no Brasil, essa lista aumentou e Panamá, Nicarágua, Venezuela, Costa Rica, Equador e Cuba passaram a exigir a vacina de brasileiros. Saiba quais são os outros em bit.ly/vercivp.

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17. Com a campanha da dose fracionada da vacina contra a febre amarela nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e no Estado da Bahia, o que muda para os viajantes? A Organização Mundial de Saúde exige que o viajante tenha tomado uma única dose integral para obter o certificado. Com a nova campanha de vacinação fracionada (feita com um décimo do conteúdo da vacina integral), será necessário que o viajante que ainda não está imunizado vá aos postos de saúde munido, além de carteira de vacinação, do comprovante da viagem para poder tomar a dose integral.

18. Onde posso tirar meu certificado de vacinação internacional?  Nos Centros de Orientação para a Saúde do Viajante (veja opções em bit.ly/centroscivp). É preciso ir pessoalmente ao local e levar RG, passaporte ou CNH e a carteira de vacinação. O serviço é gratuito. Para quem perdeu a carteira de vacinação ou o comprovante da dose contra a febre amarela, a recomendação é tentar ir ao posto onde a vacina foi dada para obter uma segunda via do documento. 

19. Além da vacinação, quais outras maneiras de se proteger?  Além de estar vacinado, as pessoas podem evitar a picada do mosquito silvestre transmissor da doença com medidas de prevenção como uso de repelentes, roupas compridas e telas de proteção nas janelas, por exemplo. 

20. O que é dose fracionada? A dose fracionada da vacina será utilizada nos estados da Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo. A dose padrão tem 0,5 ml e a fracionada passará a ter 0,1 ml. Dessa forma, o material da vacina que originalmente se aplica em uma pessoa poderá ser usada em outros quatro indivíduos. A diferença é o tempo de proteção. Estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) indicam que 0,1 ml garante imunidade contra a febre amarela por 8 anos. A dose padrão é para a vida toda. 

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