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Lareira, aquecedor, chuveiro a gás: saiba os cuidados que você deve ter em locais fechados

Mortes de bilionário e mulher no Guarujá expõem risco de equipamentos; sintomas de intoxicação são irritação nos olhos, dor de cabeça, náusea e tontura

Por Fabio Grellet
Atualização:

A morte de um empresário bilionário e da mulher no Guarujá (SP) no último fim de semana reforçou a necessidade de atenção para cuidados com equipamentos que aquecem lugares fechados, muito usados em dias frios. Laudo da Polícia Civil apontou intoxicação por gás, mas ainda é investigado se houve um rompimento de uma mangueira da rede. A morte do dramaturgo Zé Celso Martinez Corrêa, em julho, em decorrência de um incêndio provocado por um aquecedor, também expôs a necessidade de cuidados.

José Bezerra de Menezes Neto - Binho Bezerra e Luciana Bezerra _5855.jpg SÃO PAULO/SP 15/02/2022 EXCLUSIVO DIRETO DA FONTE Pierre e Roberta Moreau oferecem jantar a Brenda Valansi para comemorar a chegada do ARTSAMPA 22, no Manioca. Fotos Denise Andrade/ESTADÃO Foto: Denise Andrade/Estadão

Veja quais são os cuidados com os equipamentos mais comuns:

Aquecedor a gás

É a opção mais usada em prédios e condomínios por ter vida longa e gerar economia ao usuário. A instalação e a manutenção exigem a contratação de especialista. O aparelho deve ser instalado em local com ventilação permanente, sendo indispensável possuir válvula termostática, controle de pressão e sistema de exaustão. A regulagem e manutenção dos bicos que controlam a chama deve ser observada com frequência. Quando mal regulados, produzem monóxido de carbono, gás sem cheiro, que causa intoxicação e pode levar à morte.

Aquecedor a óleo

Embora produza calor a partir do aquecimento do óleo em seu interior, o aquecedor funciona com energia, portanto apresenta risco de superaquecimento. O termostato deve ser verificado com frequência. Também deve ser mantido a uma distância segura de tecidos, plásticos e outros materiais inflamáveis.

Aquecedor com resistência

Aquecedores com resistência incandescente devem ter grades de proteção para evitar queimaduras em caso de contato. Devem ser mantidos longe de crianças e animais. É preciso observar as especificações técnicas do aparelho e sua compatibilidade com a tomada de energia para evitar o derretimento dos cabos, capaz de produzir curtos incêndios. Importante manter a renovação do ar no ambiente.

É essencial verificar se a fumaça produzida pela lareira está invadindo o ambiente em vez de ser expelida pela chaminé Foto: Pixabay

Mantas térmicas

As mantas térmicas devem ser desligadas sempre que não estiverem em uso. Não devem ser ligadas dobradas ou com outras cobertas sobre ela para evitar superaquecimento. O cobertor térmico não deve ser molhado ou perfurado para evitar danos à fiação interna. Evitar o uso por crianças.

Diretor de teatro Jose Celso Martinez Correa morreu aos 86 anos Foto: Gabriela Biló/Estadão

Lareiras fixas e portáteis

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É necessário isolar a área do fogo com telas metálicas para evitar que crianças e animais sofram acidentes. Manter tecidos e produtos inflamáveis à distância, devido ao risco de emissão de fagulhas. Seu uso só deve ser feito em ambientes arejados, pois a queima de lenha ou carvão emite gás carbônico, que pode causar intoxicações graves e até letais.

Há versões portáteis ecológicas, com queimadores à base de álcool etílico (etanol) que emite menos CO2. Como o calor é obtido pela queima do produto, também são necessários cuidados, como manter em local afastado de crianças, animais e peças inflamáveis. O abastecimento com álcool só deve ser feito com a lareira fria.

Não improvisar

Por envolver riscos, o aquecimento em ambientes habitados não pode ser improvisado. Usar métodos alternativos, como a queima de álcool ou gasolina em panelas e outros recipientes, além de consumir o oxigênio disponível, com risco de asfixia, pode causar incêndios.

Rede elétrica compatível

Qualquer equipamento que use energia exige atenção redobrada nas ligações elétricas. A rede deve ser compatível com as especificações contidas no manual do equipamento. Em caso de dúvida, é melhor chamar um técnico ou eletricista.

  • Seguir manual de instrução ou consultar técnico ao instalar o aparelho. Aparelhos elétricos devem ter certificação do Inmetro.
  • Manter crianças a uma distância segura para evitar contato direto com o aquecedor.
  • Colocar aparelho portátil em local onde não haja risco de queda e em ambiente com circulação de ar.
  • Em caso de aparelho a gás, atentar para as chamas que devem estar azuladas. Chamas amareladas podem indicar queima irregular e produção de gás carbônico.

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Conforme o médico pneumologista Mauro Gomes, mesmo quando usados corretamente, os aquecedores esquentam o ar em volta e fazem o calor dissipar, aquecendo todo o ambiente. O ar seco, comum nesta época, pode se agravar com o uso desses equipamentos, levando a uma piora das doenças respiratórias crônicas, como asma, bronquite e enfisema pulmonar, rinites e sinusites. Portadores dessas doenças devem evitar esses aparelhos.

De forma contrária ao que faz a maioria das pessoas, deve-se manter a ventilação do ambiente com aquecedor para renovar o ar e manter a umidade. Outra opção é usar umidificador no mesmo local, caso o aparelho não tenha essa função embutida. Em espaços ventilados e com aquecedores de pequeno porte, é mais rara a ocorrência de intoxicação por monóxido de carbono.

O especialista defende que as lareiras à lenha não sejam usadas dentro de casa. A queima da biomassa (madeira) pode levar à concentração de partículas poluentes dentro do ambiente doméstico que pode levar à Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, de modo semelhante ao cigarro.

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A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia também alerta que o mau uso do aquecedor prejudica a defesa local do sistema respiratório, podendo causar ressecamento da mucosa, deixando a pessoa mais suscetível a infecções. Também pode facilitar a disseminação de impurezas que, aspiradas, se depositam no pulmão. A troca frequente do filtro ajuda a manter a qualidade do ar.

O uso de aquecedor, se não puder ser evitado, requer muita atenção quando se trata de pessoas de grupo de risco, como idosos e imunodeprimidos, ou ainda pessoas com mais sensibilidade a alergias respiratórias. A hidratação do corpo também é fundamental: em ambiente frio com aquecimento ligado, a pessoa necessita de maior quantidade de água para manter a umidificação das vias aéreas.

Quando a pessoa inala o monóxido de carbono, o oxigênio e o hidrogênio existente no sangue são substituídos pelo gás. Os primeiros sintomas de intoxicação são irritação nos olhos, dor de cabeça, náuseas, vômitos e tonturas.

Quando a quantidade de toxinas no sangue aumenta, a pessoa perde a consciência. Se estiver sozinha ou se as outras pessoas que estiverem no ambiente também desmaiarem, a chance de morte aumenta bastante, já que as pessoas vão continuar respirando o gás tóxico. A velocidade com que isso pode acontecer depende da concentração do monóxido de carbono no ar.

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