RECIFE - A auxiliar de serviços gerais Lúcia da Silva, de 28 anos, é uma das mães cujo bebê apresentou sintomas de uma nova doença que pode estar associada ao zika vírus. A criança, um menino de sete meses, chegou a ficar internada para tratamento por nove dias no Instituto Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), no Recife.
“Ele começou a ter febre no dia 1.º de dezembro. No dia 3, estava cheio de bolhas e elas estouravam cada vez que eu tocava nele. Era horrível, porque ele chorava muito e eu não sabia o que fazer”, disse Lúcia. O caso não é único: “No hospital explicaram que havia outras crianças com a mesma doença. E então ele foi internado. Rezo todos os dias para ele ficar bom, mas ainda há feridas por todo o corpinho. Dá muito medo não saber o que é exatamente”.
Moradora do bairro de Aguazinha, em Olinda, ela diz que os casos de dengue são comuns nas redondezas de sua casa. “Eu já tive dengue três vezes e quase todos os meus vizinhos também. Não sei se alguém teve zika ou chikungunya, mas sei que tem muita gente adoecendo por causa desse mosquito”, queixou-se.
Investigação. Em Pernambuco - um dos estados mais afetados pelo surto de doenças provocadas pelo mosquito Aedes Aegypti no País -, médicos infectologistas estão em alerta diante de um novo quadro viral que atinge bebês e crianças com até 2 anos. Pelo menos 25 pacientes foram atendidos e estão sob investigação.
Especialistas descartaram relação da doença com o surto de microcefalia, uma vez que todos os pacientes apresentam perímetro cefálico normal.
São quatro as principais hipóteses levantadas pelos infectologistas: o quadro poderia ser uma manifestação ainda desconhecida do zika vírus; uma nova manifestação de enterovírus; poderia ser provocado por bactérias como a estreptococos ou estafilococos; ou ainda ser uma associação das arboviroses com outra infecção. As bolhas aparecem no terceiro dia de doença. Os casos foram notificados à Secretaria Estadual de Saúde.
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