Neste início de 2006, a gripe aviária é considerada o maior risco global pelas principais lideranças políticas e empresariais do mundo, segundo relatório divulgado ontem no Fórum Econômico Mundial. Na pior das hipóteses, prevê o estudo, uma epidemia causada pelo vírus H5N1 poderia ter um impacto social tão grande quanto o provocado pela peste negra na Europa, em 1348. A pesquisa é um trabalho conjunto da Merrill Lynch, banco de investimentos dos EUA, Swiss Re, uma das maiores seguradoras do mundo, e Marsh & McLennan Companies, corretora de seguros e consultoria empresarial, em associação com o Centro de Gestão de Risco e Processos de Decisão da Wharton School, dos EUA. Outros grandes riscos apontados são uma alta do barril de petróleo para US$ 100 e novos ataques terroristas. O relatório traça um cenário de epidemia para o caso de transmissão da doença entre humanos (hoje, só ocorre de aves para pessoas). Mesmo com a produção maciça da vacina em nove países com 12% da população global (os que têm como produzi-la na atualidade), menos de 500 milhões de pessoas, ou apenas 14% de toda a população, poderiam ser vacinadas em um ano. O relatório prevê que morram 50% dos infectados. Não há uma estimativa total de quantas vítimas seriam, mas de desdobramentos econômicos, sociais e políticos. Na pior das hipóteses, o tráfego internacional de viajantes acabaria severamente abalado, assim como os fluxos comerciais. Cadeias de suprimento de emergência seriam montadas e seriam identificados as commodities e serviços essenciais para a sobrevivência por um a três anos. Haveria turbulência financeira e grandes mudanças nas regras de propriedade intelectual de produtos farmacêuticos. Revoltas populares por acesso a antivirais provavelmente ocorreriam. A confiança nos governos desapareceria, alguns grupos humanos específicos seriam dizimados e haveria uma desurbanização parcial. A Indonésia confirmou ontem a 15º morte pela gripe; a China, a 7ª .
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