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O que é a síndrome do bebê sacudido? Saiba os riscos e como é feito o diagnóstico

Quadro é causado por chacoalhões intensos, que prejudicam o cérebro da criança

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Por Beatriz Bulhões
Atualização:

O cérebro de uma criança demora a se desenvolver totalmente e, por isso, movimentos considerados bruscos, especialmente no primeiro ano de vida, podem causar a chamada síndrome do bebê sacudido (SBS). Esse quadro é ligado a lesões cerebrais graves, capazes até de levar à morte. Embora possa ocorrer durante “brincadeiras”, como jogar o bebê para cima, na maioria das vezes o quadro é causado por abusos – daí porque também é conhecido como síndrome dos maus-tratos.

Segundo Renata Dejtiar Waksman, membro do Núcleo de Estudos da Violência contra Crianças e Adolescentes da Sociedade Paulista de Pediatria (SPSP), o impacto da sacudida é similar ao do movimento de chicote, observado em acidentes de trânsito. “Nesse movimento, o pescoço joga a cabeça para a frente e para trás, e o cérebro acaba se deslocando muito dentro da caixa craniana. Nesse momento, diversas veias podem se romper, causando sangramentos, convulsões e até morte”, explica.

O cérebro de uma criança demora a se desenvolver plenamente e, por isso, movimentos bruscos, especialmente no primeiro ano de vida, podem ter consequências graves. Foto: lagom/Adobe Stock

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Um estudo publicado no Jornal de Pediatria, da Sociedade Brasileira de Pediatria, e citado pela médica, aponta que de 25% a 30% das crianças acometidas pela síndrome morrem, enquanto cerca de 15% sobrevivem sem sequelas. Os dados são de 2001 a 2012.

Apesar de existir uma preocupação com brincadeiras ou mesmo quedas de locais altos, como uma árvore, a médica reforça que, na maioria dos casos, os movimentos ocorrem em um momento de raiva ou estresse. “Tem pai que diz que a criança estava chorando demais de madrugada, não deixava ele dormir, sendo que precisava trabalhar no dia seguinte. Aí, perdeu a cabeça”, exemplifica a pediatra.

Com a sacudida, há diminuição do nível de consciência, o que pode deixar o bebê mais sonolento e quieto – isso já pode ser um início de coma. A vítima também pode sentir náuseas, sofrer uma convulsão e apresentar apneia (ou seja, a interrupção da respiração).

Por isso, a médica enfatiza que, diante desses sinais, a procura por uma emergência médica deve ser urgente. A taxa de sobrevivência sem sequelas, frisa a pediatra, é muito pequena – até porque, se a intenção era fazer o bebê ficar em silêncio, o agressor volta a dormir e não busca ajuda.

Diagnóstico

Como a síndrome tende a ser resultado de uma atitude intencional e em momento de raiva, a família não costuma contar a verdade sobre o que ocorreu.

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“Quando um bebezinho chega na emergência sonolento, irritado ou em coma, nós (médicos) já sabemos que ele não caiu de um lugar alto, e que provavelmente foi uma agressão”, detalha.

Após a estabilização da criança, caso se suspeite de agressão, os especialistas devem fazer o exame de fundo de olho, porque essa síndrome muitas vezes causa hemorragias na retina. Além disso, é preciso realizar raio-X de todos os ossos, porque metade dos bebês pode ter fraturas das costelas posteriores e, mais raramente, em outros ossos.

Incidência

Segundo a médica da SPSP, o abuso costuma ser feito por homens, principalmente o pai, e, quando a agressora é mulher, a tendência é de que seja uma cuidadora. A maioria dos pacientes é do sexo masculino e tem menos de um ano de vida.

Renata informa que, quando sacudidas, crianças hipotônicas (com menos força muscular) e com síndrome de Down podem apresentar as lesões em idades mais avançadas.

Outro estudo indicado pela especialista, publicado no Jornal Brasileiro de Neurocirurgia em 2023, traça o panorama da síndrome do bebê sacudido no País. Os dados apontaram 45.556 casos entre crianças de até quatro anos de idade em um período de cinco anos.

De 2016 a 2021, a região Sul foi o local com maior incidência, com 80 casos da síndrome a cada mil habitantes de até 4 anos. No Sudeste, a taxa é 62 por mil habitantes, enquanto no Centro-Oeste cai para 49 por mil habitantes. Norte e Nordeste têm as menores taxas, de 41 e 38 casos por mil habitantes, respectivamente. A média foi de mais de 7 mil casos a cada ano no Brasil.

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