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OMS admite erro e eleva risco global de coronavírus; mortes chegam a 106

Organização mundial alega que houve equívoco de formulação em boletim da semana passada e reconhece maior gravidade do surto; avanço do vírus faz Mongólia fechar fronteira e outros países restringirem acesso de viajantes chineses. Brasil diz não ter casos

Por Paula Felix e Mateus Vargas
Atualização:

A Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar nesta segunda-feira, 27, como “elevado” o risco internacional do coronavírus, após qualificá-lo como “moderado” em informe na semana passada. Segundo a entidade, houve erro de formulação do texto na avaliação anterior. O número de mortos pela nova doença chegou a 106 na China e houve o primeiro registro de óbito em Pequim. Pelo menos outros 12 países, em 3 continentes, já reportaram casos - nesta a Alemanha confirmou um paciente, na região da Baviera. O Brasil afirma não ter infecções suspeitas registradas. 

Bebê usa máscara no aeroporto de Guangzhou, na província de Guangdong, na China, para se proteger de possíveis infecções como o coronavírus Foto: Alex Plavevski/EFE/EPA

“Trata-se de um erro de formulação nos informes de situação dos dias 23, 24 e 25 de janeiro, e o corrigimos”, informou uma porta-voz da instituição, que tem sede em Genebra. A avaliação do risco de disseminação do vírus, conforme a OMS, foi atualizada para: “muito elevado” na China, “elevado” em nível regional e “elevado” em nível mundial.

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Isso não significa que foi declarada emergência global. A avaliação de risco, diz a entidade, considera a gravidade, a disseminação e a capacidade de responder ao avanço do surto, que já tem cerca de 2,8 mil casos confirmados pelo mundo, a maioria na China. 

Na semana passada, a OMS se dividiu, mas a organização optou por não declarar emergência internacional em saúde pública - o que surpreendeu parte dos especialistas. A situação de emergência foi decretada pela entidade, por exemplo, na pandemia de H1N1, em 2009, e na epidemia de zika, em 2016. 

A OMS disse que, até a semana passada, havia número localizado e limitado de casos e destacou as providências do governo chinês. O país já colocou mais de 40 milhões de habitantes em quarentena, suspendeu parte dos transportes e restringiu acesso a locais públicos, além de estender o feriado do ano-novo lunar.

A Mongólia anunciou nesta segunda que fechou a fronteira terrestre com a China, com mais de 4,6 mil quilômetros, em um esforço para conter o vírus. Escolas e universidades locais também foram fechadas até 2 de março. A Malásia vai barrar moradores da Província de Hubei, epicentro do surto. Já Estados Unidos, França, Espanha, Japão e Rússia se organizam para tirar seus cidadãos de Hubei, após as medidas chinesas de isolamento. 

O governo federal brasileiro disse nesta segunda que a situação está sob controle no País e afirmou que não vê necessidade de averiguar todas as aeronaves que vêm da China. Presidente substituto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres disse que a vigilância sanitária será chamada para análise mais detalhada só se for notificada presença de pessoa com suspeita do vírus, o que ainda não ocorreu em voos que chegaram ao Brasil.

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“A notificação (de suspeitas) não é opção do comandante. É compulsória. Nos casos em que é feita a notificação, a equipe terá acesso ao veículo. Vai efetuar triagem inicial.” Se houver suspeita, a abordagem da Anvisa poderá, por exemplo, isolar o voo e levar os passageiros a um local seguro. Eles poderão ser monitorados por equipes de vigilância sanitária nos dias seguintes. A abordagem da agência, porém, dependerá do caso.

“Os riscos existem. Estamos diante de situação de um agente viral levando a graves consequências de saúde. Estamos buscando a melhor forma de lidar.” Para Torres, as regras da agência têm sido suficientes, até agora. Alertas sonoros sobre a doença também serão veiculados em aeroportos. /COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

China restringiu transporte - Perguntas e respostas

- Como começou o surto de coronavírus na China?

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A origem ainda é desconhecida. A hipótese mais provável é que a fonte primária do vírus seja animal e tenha começado a circular em um mercado de frutos do mar em Wuhan. Um estudo feito por pesquisadores chineses mostra que o surto pode ter começado em cobras.

- Quais medidas foram tomadas pelo governo chinês?

O epicentro do surto, a cidade de Wuhan, com 11 milhões de habitantes, foi isolado, medida que atinge também outras cidades da região. O governo chinês proibiu viagens internacionais em grupo, além de outras restrições de transporte entre províncias, e estendeu o feriado de ano-novo para evitar aglomerações. Hospitais estão sendo construídos emergencialmente e equipes especializadas foram deslocadas para Wuhan. Uma vacina começou a ser desenvolvida.

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- Qual a avaliação da Organização Mundial da Saúde sobre o surto de coronavírus?

A OMS se dividiu na semana passada, mas optou por não declarar emergência internacional em saúde pública. Alegando ter havido erro no comunicado anterior, ontem a organização passou a classificar como “elevado” o risco internacional do vírus. A avaliação considera a gravidade, a disseminação e a capacidade de resposta ao avanço do surto. 

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