Quais os riscos da dengue para bebês e crianças?

Até os 2 anos, há maior probabilidade de quadros graves da doença; veja medidas de prevenção e sintomas que merecem atenção redobrada

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Por Lara Castelo
Atualização:

De acordo com o Ministério da Saúde, só em 2024 foram registrados mais de 345 mil casos prováveis de dengue no Brasil, quase quatro vezes o observado no mesmo período do ano passado (93.298 mil). Esse cenário levou estados como Acre, Minas Gerais, Goiás, além do Distrito Federal e a cidade do Rio de Janeiro, a decretaram emergência de saúde pública nas últimas semanas.

Essa situação aumenta a preocupação em relação ao vírus, especialmente no que diz respeito a grupos mais vulneráveis, como bebês e crianças.

A dengue pode ser grave entre crianças e bebês?

Segundo o Ministério da Saúde, crianças com até 2 anos têm maior risco de desenvolverem quadros graves da dengue. A infectologista pediátrica Flávia Almeida, do Hospital Infantil Sabará, de São Paulo, explica que o principal motivo por trás disso é a dificuldade que as crianças pequenas têm de se expressar, o que atrapalha a identificação dos sinais de alarme da doença. Com isso, muitas vezes o pequeno chega mais tarde ao sistema de saúde.

Crianças de até 2 anos têm maior risco de apresentar um quadro grave de dengue.  Foto: wendyhayesrise/Adobe Stock

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A consequência é o atraso no início do tratamento, que consiste em hidratação e repouso. Acontece que, segundo o infectologista pediátrico Márcio Nehab, membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), “as crianças precisam de mais líquidos que os adultos, e a não reposição pode levar a complicações”, explica.

Embora as crianças maiores não estejam tão suscetíveis a quadros mais graves, os cuidados também são fundamentais. “São elas que mais se expõem ao Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, pois ficam mais tempo ao ar livre, descalças e com a pele à mostra”, pontua Nehab.

Por outro lado, o especialista lembra que a dengue tende a ser mais grave em quem já pegou a doença antes. “Existem quatro tipos de vírus da dengue. Após contrair um desses, o paciente fica imune a ele, sem chances de readquiri-lo. Porém, ao entrar em contato com algum dos outros sorotipos, esse paciente apresenta maior risco de desenvolver uma resposta imunológica exacerbada e evoluir para um quadro grave da doença” explica. Felizmente, esse é um histórico que as crianças e os bebês não costumam ter.

Como são os sintomas nas crianças e nos bebês?

Segundo Nehab, são os mesmos que se manifestam nos adultos. Mas, especialmente em relação às crianças pequenas, é preciso redobrar a atenção. “No geral, vale ficar de olho no estado geral da criança. Se ela estiver apática e sonolenta, não aceitar líquidos nem alimentos e apresentar dor de barriga, vômito, sangramentos ou manchas vermelhas no corpo, é importante ir a um posto de saúde o quanto antes”, descreve Flávia.

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Confira os principais sintomas da dengue:

  • Febre;
  • Manchas vermelhas pelo corpo;
  • Dor de cabeça;
  • Dor muscular e/ou articulares;
  • Dor atrás dos olhos;
  • Dor abdominal (intensa e contínua);
  • Vômito persistente;
  • Sangramento de mucosa;
  • Letargia e/ou irritabilidade.

Como é o tratamento?

Como ainda não existe um tratamento específico para a dengue, hoje, o tratamento é focado na melhora dos sintomas. Isso depende de repouso, ingestão de líquido em abundância (como água, sucos, chás, soro e leite materno) e no retorno ao médico após a primeira consulta, explica Nehab.

O especialista menciona também que, como os sintomas da dengue podem ser confundidos com os de outras doenças (gripe e covid-19, por exemplo), é importante consultar um médico antes de entrar com qualquer tipo de medicação. “Remédios anti-inflamatórios, como a aspirina, afinam o sangue e, por isso, aumentam a chance de hemorragia e perda de líquidos, agravando o quadro da dengue”, exemplifica.

Como prevenir a dengue em crianças e bebês?

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As medidas de prevenção da dengue em bebês e crianças são as mesmas indicadas aos adultos, mas há cuidados adicionais. Confira:

  • Priorizar uso de calças, camisas de manga comprida e sapatos fechados;
  • Usar repelente nas partes expostas do corpo e repassar após contato com água. Importante conferir a faixa etária indicada pelo fabricante. O Ministério da Saúde só recomenda o uso em crianças a partir de 6 meses de idade;
  • Uso de telas na cama, portas e janelas. No caso dos bebês, tomar cuidado com o sufocamento;
  • Usar ar-condicionado ou ventilador, se possível;
  • Remoção de recipientes nos domicílios que possam se transformar em criadouros de mosquitos;
  • Vedação dos reservatórios e caixas de água;
  • Desobstrução de calhas, lajes e ralos.
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