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Qual o impacto das queimadas à saúde? Especialistas apontam riscos e cuidados

Entenda quem é mais vulnerável e quando é indicado procurar atendimento médico

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Por Bárbara Giovani

No último fim de semana, queimadas se alastraram pelo Estado de São Paulo e encobriram o céu de diversas cidades. Antes disso, o Brasil já havia atingido a posição de 5º País com o ar mais poluído do mundo devido às chamas na Amazônia e no Pantanal. Para a população, a inalação da fumaça e da fuligem traz riscos não apenas ao sistema respiratório, mas também à circulação sanguínea e ao coração.

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Segundo Ricardo Martins, membro da Sociedade Brasileira de Pneumologia e professor de medicina na Universidade de Brasília (UnB), cenários como esse combinam a concentração de gases poluentes na atmosfera junto a partículas liberadas pela fumaça. “Houve uma intensificação do que se respira nas grandes cidades de maneira mais aguda”, diz.

Assim, as pessoas inalam uma grande quantidade de gases como monóxido de carbono e óxido nitroso, por exemplo, além de material particulado presente no ar. Tudo isso prejudica a respiração, que oxigena o organismo, e traz consequências imediatas e secundárias à saúde, de crises alérgicas a problemas cardíacos.

Fumaça encobriu o céu de Brasília na última semana; problema se repete em diferentes regiões do país Foto: Marcelo Camargo/Agencia Brasil

Quem está sob maior risco?

Crianças e idosos são os mais vulneráveis aos impactos das queimadas, por terem sistema respiratório, oftálmico, cardiovascular e a pele menos protegidos (os primeiros, por imaturidade do organismo e os segundos, por senilidade).

Além dessas duas faixas etárias, pessoas com asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, sinusite de repetição, rinite alérgica, doenças cardiovasculares e problemas gástricos (como úlcera e gastrite) também devem ficar atentas.

Há riscos para quem está distante?

Sim. Embora o impacto varie com a proximidade com o foco das queimadas — quem está mais próximo à área incendiada é mais afetado — e o tempo de exposição, mesmo quem está a centenas de quilômetros é afetado.

“A fumaça viaja muito longe. Ela primeiro sobe pelo calor das queimadas, depois desce e se fixa mais próxima ao solo”, afirma o médico José Carlos Perini, membro da Comissão de Biodiversidade, Poluição e Clima da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).

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Segundo Perini, o clima frio e seco agrava o cenário, porque não permite a dispersão desses gases, que ficam presos próximos ao solo, onde são inalados pela população.

Em centros urbanos como São Paulo, o alto nível de poluição pré-existente se soma aos gases e partículas decorrentes das queimadas. Dessa forma, os riscos à saúde também são agravados, podendo afetar tanto os grupos de risco quanto as pessoas saudáveis.

O que as queimadas podem causar à saúde?

De imediato, inalar a fumaça e a fuligem das queimadas pode causar o aumento e o agravamento das crises de asma. Entre pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica, o agravamento do quadro pode até mesmo levar à morte.

Ainda em curto prazo, a fumaça e a fuligem podem irritar as mucosas e a pele. Nos olhos, o incômodo faz as pessoas coçarem a região, o que aumenta o risco de conjuntivite bacteriana. No nariz, os poluentes causam inflamação, gerando quadros de rinite e sinusite, por exemplo.

De maneira secundária, os sistemas cardiovascular e gástrico podem ser afetados. As micropartículas presentes no ar poluído podem chegar à corrente sanguínea e aumentar a incidência de infartos e de acidente vascular cerebral (AVC). Parte deles também chega ao trato gastrointestinal, piorando o incômodo de quem tem problemas como úlcera ou gastrite.

“Não é só quem tem asma que sofre”, reforça o especialista em alergia e imunologia. Mesmo em pessoas sem doenças pré-existentes, há o risco de favorecer doenças respiratórias agudas, como inflamação do pulmão, diz.

Segundo Perini, há poucos estudos sobre os impactos das queimadas à saúde em longo prazo. Sabe-se que elas podem agravar ou motivar doenças cardiovasculares e respiratórias, e há estudos analisando se há relação com maior risco de desenvolvimento de câncer.

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Quando buscar atendimento?

Os sinais de alerta são falta de ar, tosse e chiado no peito. “Quando começa a haver dificuldade respiratória, em que a pessoa não consegue completar o seu ciclo respiratório e acelera a respiração, ela já está entrando em sofrimento”, alerta Perini. Nesses casos, o pronto atendimento pode fornecer insumos como oxigênio.

Outros sintomas que também podem indicar a necessidade de atendimento são a sensação de amanhecer com os olhos colados (um indicativo de conjuntivite) e dor no estômago. Nesse cenário, as pessoas podem buscar o médico que as acompanha ou atendimento especializado para receber orientações.

Por quanto tempo manter os cuidados?

Os especialistas apontam que os cuidados devem ser mantidos enquanto continuarem as queimadas. Nesse sentido, Perini destaca o trabalho da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), que monitora a qualidade do ar e publica os resultados em um boletim diário. “Enquanto houver material particulado no ar, é conveniente usar umidificador no quarto e máscara no rosto”, recomenda.

Veja outros cuidados necessários:

  • Evitar sair de casa durante os períodos críticos de queimadas;
  • Manter janelas e portas fechadas;
  • Umidificar o ar, seja com aparelhos específicos, baldes com água ou toalhas molhadas;
  • Evitar praticar exercícios físicos ao ar livre;
  • Manter mucosas úmidas, lavando com soro fisiológico;
  • Beber água para manter a hidratação do organismo.
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