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Família Alcolumbre acumula R$ 1 milhão em multas ambientais no Ibama

Parentes do presidente do Senado foram multados 13 vezes pelo Ibama nos últimos dez anos por crimes ambientais no Amapá

Foto do author André Borges
Por André Borges
Atualização:

BRASÍLIA – Em janeiro deste ano, o primo do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o empresário Salomão Alcolumbre Júnior, foi alvo de duas multas do Ibama, resultado de infrações ambientais cometidas em terras no Amapá. As duas multas, que somam R$ R$ 555 mil, envolvem uma área de 108 hectares localizada em Macapá.

Salomão Alcolumbre & Cia Ltda, que foi suplente do senador Gilvam Borges (MDB-AP) até 2014, foi autuado por impedir a regeneração da área, descumprindo termos de um acordo que ele já tinha firmado com o órgão de fiscalização ambiental. Essas são apenas as multas ambientais mais recentes aplicadas contra a família Alcolumbre.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre,cuja família já foi multada em quase R$ 1 milhão por crimes ambientais no Amapá Foto: Dida Sampaio/Estadão

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O Estado apurou que, nos últimos dez anos, os Alcolumbres foram multados 13 vezes pelo Ibama. O valor total das infrações chega a R$ 994,5 mil. Dessas 13 multas, oito estão em nome de uma empresa da família, a Salomão Alcolumbre & Cia Ltda. Outras três estão em nome do primo do presidente do Senado, o empresário Salomão Alcolumbre Júnior, e outras duas em nome do tio de Davi, o empresário Pierre Alcolumbre. Pierre foi o único que quitou suas duas multas, uma de R$ 5 mil e outra de R$ 13.500.

No ano passado, a empresa Salomão Alcolumbre & Cia Ltda foi multada em R$ 80 mil por descumprir o embargo comercial de vendas combustíveis pelo Posto Salomão, conforme decisão anterior. Apesar de o presidente do senado, Davi Alcolumbre, não ser o alvo da autuação, ele conhece bem o posto de abastecimento. Reportagem publicada em 2013 pelo Estado mostrou que Davi, quando ainda era deputado, gastava toda a sua cota de combustível paga pela Câmara no posto Salomão Alcolumbre & Cia. Ltda. O posto continua sob o comando da família.

As normas de uso da verba indenizatória proíbem a utilização da cota para ressarcimento de despesas relativas a bens fornecidos ou serviços prestados por empresa da qual o proprietário ou detentor de qualquer participação seja o deputado ou parente de até terceiro grau. À época, o gabinete do parlamentar informou que a família Alcolumbre era dona de cerca de 70% dos postos de combustível do Amapá, “sendo inviável não abastecer na empresa de parentes”.

Em todas as notas de Davi Alcolumbre às quais o Estado teve acesso, os valores discriminados dos produtos sofreram pequenos arredondamentos para que o valor final fosse exatamente o máximo que a Câmara permitia para reembolso.

Outro lado

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Questionado sobre as multas ambientais aplicadas pelo Ibama, o presidente do Senado disse que não é alvo de nenhuma autuação. Por meio de sua assessoria, declarou que “tem mais de 50 primos no Amapá” e que não pode responder por eles.

Davi Alcolumbre disse que “acha positiva a fiscalização feita pelo Ibama e que o órgão deve punir qualquer um que infringir a lei”. O senador declarou ainda que não tem nenhum tipo de relação com os alvos das infrações e que desconhecia as multas aplicadas neste ano pelo órgão federal.

A reportagem fez contato com Salomão Alcolumbre Júnior e sua empresa, a Salomão Alcolumbre & Cia Ltda. Foi orientada a enviar questionamentos por e-mails, mas não obteve resposta até a publicacão desta reportagem.

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A área de fiscalização ambiental do Ibama está na mira do presidente Bolsonaro, que classificou o trabalho como uma “indústria da multa” que precisa acabar. Na semana passada, o servidor do Ibama que multou o então deputado Jair Bolsonaro em 2012, por pesca irregular em uma área de proteção ambiental no Rio de Janeiro, foi exonerado. A dispensa de José Olímpio Augusto Morelli, que atuava um cargo de comissão na Diretoria de Proteção Ambiental (Dipro), foi publicada no Diário Oficial da União.

A decisão de retirar Morelli do cargo foi tomada pelo major da Polícia Militar Olivaldi Alves Borges Azevedo, que foi nomeado em janeiro por Bolsonaro, para assumir o comando da Dipro, ao qual o Morelli estava subordinado. Um dia antes da nomeação de Olivaldi para o cargo, o Ibama anulou a decisão que multou em R$ 10 mil o presidente Jair Bolsonaro (PSL) pela pesca irregular, em Angra dos Reis (RJ).

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