Lula formaliza candidatura da cidade de Belém para a Amazônia sediar a COP-30

Presidente havia dito durante a COP-27, no Egito, que o País desejava receber a cúpula do clima da ONU

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Por Redação

O Itamaraty formalizou a candidatura de Belém, capital do Pará, para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas em 2025, a COP-30. Em novembro, quando participou da COP-27, no Egito, ainda como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva havia disse em discurso que o Brasil “está de volta ao mundo” e a Amazônia desejava ser sede da cúpula do clima.

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Em vídeo divulgado nas redes sociais nesta quarta-feira,11, o presidente aparece ao lado do governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). Lula foi convidado a participar do evento no ano passado por Helder, em nome do Consórcio de Governadores da Amazônia Legal, e pelo governo egípcio. “Eu tinha assumido um compromisso na COP-27, de que a COP-30 poderia ser realizada no Brasil”, diz Lula no vídeo. “Belém, no Estado do Pará, estará de portas abertas para debater a Amazônia, discutir o clima no mundo e encontrar soluções”, respondeu Helder, ao agradecer a indicação.

Após o encontro com o presidente, o governador disse a jornalistas que 2025 vai representar o “ano histórico” em que a “Amazônia vai receber o maior evento sobre questões climáticas”.

Em 2019, o Brasil seria o anfitrião da COP-25, mas o evento foi cancelado no País a pedido do então presidente Jair Bolsonaro. À época, um comunicado do Itamaraty justificou a decisão dizendo que o País “se viu obrigado” a retirar sua candidatura por “restrições fiscais e orçamentárias”. A conferência então foi realizada em Madri, na Espanha.

Entenda as regras para um país sediar uma cúpula do clima.

Como é o processo de seleção para um país sediar a COP?

Primeiro, o país precisa convencer os outros membros do seu grupo regional de que sua oferta será a escolhida entre eles. São cinco grupos, segundo a ONU: África, Ásia-Pacífico, Europa Oriental, Europa Ocidental e Outros, e América Latina e Caribe, do qual o Brasil faz parte.

Uma vez que a oferta for acordada entre os países daquela região, o representante do grupo envia uma carta oficial como “manifestação de interesse” à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCC, na sigla original), seguindo um modelo padrão da organização.

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A COP então aceita a oferta e envia um representante ao país para uma “missão” que determina se há “elementos logísticos, técnicos e financeiros disponíveis para sediar os encontros”. O resultado é entregue ao escritório da COP ainda no primeiro trimestre do ano em que o evento acontecerá, mas as negociações podem ser iniciadas com até cinco anos de antecedência.

O que um país precisa para sediar a COP?

O anfitrião da COP precisa seguir uma série de recomendações em eixos que vão de comunicação e hospedagem a segurança, infraestrutura e transporte. As situações e exigências são adaptadas de acordo com o contexto de cada país, mas seguem algumas lógicas básicas, como:

Cronograma: a produção para o evento deve começar com mais de um ano de antecedência e ser feita em conjunto com os oficiais da ONU, que precisam acompanhar todas as etapas e problemas que possam surgir. Como indicativo, a organização sugere que o primeiro encontro oficial seja feito pelo menos 485 dias antes da data prevista para a COP.

Segurança: a COP reúne alguns dos maiores líderes mundiais e cabe ao país anfitrião garantir que todos os participantes, locais e eventos sigam uma série de diretrizes para garantir a segurança dos participantes durante a Cúpula.

Viagens: o país também se compromete a bancar os custos de deslocamento, incluindo bagagens e hospedagem, para todos os funcionários da COP e das Nações Unidas.

Infraestrutura: o país é o responsável por providenciar o local para a realização da COP, com capacidade para 17 mil participantes, incluindo escritórios e salas de reunião, móveis, acesso a internet, suporte técnico etc.

Comunicação: logo, hashtags, site oficial, difusão na mídia e alinhamento da mensagem geral e engajamento sobre o evento também são de responsabilidade do país.

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Vistos: garantia do visto e da entrada de todos os participantes da COP, independentemente do país.

Encontros prévios: o país também precisa organizar uma série de encontros e reuniões a serem realizadas antes da data oficial de início da COP e feitas em parceria com o secretariado da UNFCC para garantir uma representatividade mínimas das nações participantes.

Lula durante participação na COP-27, realizada no Egito em novembro de 2022. Foto: Mohammed Salem/Reuters

O Brasil já sediou alguma COP?

Não. O Brasil promoveu a Conferência ECO-92 ou Rio-92, realizada na capital fluminense entre 3 e 14 de junho daquele ano. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida também como Cúpula da Terra, foi um marco internacional de cooperação pelo meio ambiente, contou com representantes de 179 países e resultou em uma série de tratados, acordos e planos de ação pela preservação ambiental e pelo desenvolvimento sustentável.

O que o Brasil ganha se sediar uma COP?

Sediar uma COP pode trazer vantagens políticas, econômicas e midiáticas ao Brasil, uma vez que há um grande movimento no setor turístico para receber todos os convidados e repórteres, ao mesmo tempo em que o país anfitrião ganha um nível de prestígio internacional pela realização do evento.

A organização do país precisa ser minuciosamente planejada com antecedência, uma vez que ele estará sob uma lupa mundial e será cobrado por seu engajamento ecológico, defesa prática do meio ambiente e todos os problemas logísticos possíveis. Logo, a produção de um evento do tamanho da COP na Amazônia pode ser particularmente desafiadora, considerando dificuldades como transporte, hospedagem e segurança em boa parte da região.

Onde serão as próximas COPs?

A COP-28, que é a próxima, já tem data e local definidos: será em Dubai, nos Emirados Árabes, entre 6 e 17 de novembro de 2023.

A COP-29, a ser realizada no ano seguinte, já é motivo para uma disputa informal entre a República Tcheca, a Bulgária e a Austrália.

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