A área urbana é tão pequena que pode ser toda visitada em uma única tarde a pé. Não é preciso ter pressa. Horário marcado, só mesmo nos Museus de Arqueología (Calle Moncada, s/n.º), para ver algumas das cerâmicas mais antigas escavadas no Caribe, e Municipal (Calle José Martí), instalado no Forte Matachín, uma construção espanhola do fim do século 18 com acervo formado por relíquias de povos nativos da região. Ambos funcionam das 8 às 20 horas, de terça-feira a domingo. As Ruas Antonio Maceo e José Martí, paralelas ao mar, cortam a cidade de ponta a ponta, cheias de casinhas coloridas com portas abertas sobre a calçada. Ao olhar lá dentro, você corre sério risco de ser convidado a entrar para uma prosa. Estabelecimentos comerciais também ficam nessas ruas, bem como a Fábrica de Tabaco Manuel Fuentes, em cuja fachada lê-se um solene "Junto a Fidel e Raúl, mais unidos e vigilantes".
Quando der vontade de descansar os pés, o calçadão à beira-mar está sempre por perto com a sua mureta generosa e o barulho das ondas nas pedras. A Casa da Cultura (Calle Antonio Maceo, 124 ) tem farta programação musical o dia todo. À noite, instrumentistas se apresentam na Casa da Trova Victoríno Rodrigues (Calle Antonio Maceo, 149 ), a principal balada de Baracoa. O lugar fecha lá pelas 23 horas, mas, se o público estiver animado de verdade, os músicos esticam a noitada nos bancos da praça em frente, a da catedral. RANCHO TOA Negrím pedala valentemente o bicitáxi por 10 acidentados quilômetros. Apesar do esforço, fala sem parar. Conta histórias e mostra pontos de interesse no trajeto: a fábrica de chocolates "inaugurada por El Che em abril de 1963", e El Yunque, a montanha-símbolo da cidade, com 575 metros e cume plano. Aos 50 anos, Eugénio Lopez Martínes, ou Negrím, tem corpo de um maratonista de 30 e rosto de um homem de 70. Antes de sairmos da cidade, ele faz questão de parar em sua própria casa e de apresentar sua família: mulher, filho, filha e neta. Ganho água de coco colhido no quintal e seguimos para o Rancho Toa (Estrada Baracoa-Holguín), na foz do rio de mesmo nome, o mais extenso de Cuba, com 126 quilômetros. Natureza e silêncio são o que Baracoa oferece de melhor ao viajante. Ainda fora do circuito turístico mais conhecido, mantém suas belezas preservadas e praias quase desertas. No Rancho Toa, um passeio de 15 minutos de canoa leva a uma praia onde há apenas uma cabana feita com pedaços de madeira e palha. Pescadores constroem abrigos afim de acampar dias sem voltar à cidade. O mar é limpíssimo e gelado. Na volta, sobre uma ponte, Negrím me mostra o ponto do Rio Toa onde as famílias locais fazem piqueniques. "Na sua próxima visita, traga a família", recomenda. "Então compraremos cervejas e passaremos um domingo nesse rio."