Um gosto de sertão e mar na cozinha de João Pessoa

Na capital paraibana, pão e empadinha escapam da receita comum. E atérestaurante italiano ganha sotaque regional

PUBLICIDADE

Por Monica Nobrega e JOÃO PESSOA
Atualização:

Comparada às demais capitais litorâneas do Nordeste, João Pessoa ainda é quase uma vila de pescadores. Com cerca de 730 mil habitantes, ali pela região, só supera mesmo Aracaju (624 mil) em tamanho. A orla, linda, favorecida pela proibição de se construir prédios altos à beira-mar, tem quatro bairros urbanizados: Bessa, Manaíra, Tambaú e Cabo Branco, de norte para sul. Depois vêm Penha e Barra do Gramame, aonde a cidade ainda não chegou completamente. Tudo à distância de uma corrida de táxi de, no máximo, R$ 30. O jeito de vila se estende à mesa. Receitas locais misturam mar e sertão, em uma cena gastronômica criativa, muito particular e marcada pela vocação caseira. Você vai ficar surpreso ao descobrir que, com todo aquele calor, pessoenses consomem sopa aos litros. Há várias opções de bufês de sopa com preço fixo no jantar - em Tambaú, é só caminhar pelo calçadão olhando para os hotéis da orla para encontrar opções.‘MAMMA’ NORDESTINA Há 20 anos, Fernando Franco largou a publicidade como ganha-pão para seguir a trilha da gastronomia. Abriu em São Paulo o Divina Itália (divinaitaliapraia.com.br), casa que transferiu há seis anos para João Pessoa, junto com a mulher, Djanira Farias. A uma quadra da praia de Tambaú, no salão delicado com mesas de madeira e iluminação suave, serve massas artesanais com toques de cozinha brasileira. Depois do farto antepasto de sardela, alicella e ratatouille (R$ 40, para três pessoas; foto) com fresquíssimo pão da casa, dividi um espaguete Botticelli, com molho de limão e camarões cozidos no vapor (R$ 49,50, individual). De sobremesa, a torta da Djanira (R$ 12). Uma sequência de abraços seria uma boa comparação.EM RESUMO Não que seja novidade, mas o Mangai (mangai.com.br) é o mais competente resumo da gastronomia paraibana em formato self-service (R$ 50,90 o quilo) que você pode encontrar na capital. Abra os trabalhos com um copo de suco de mangaba e uma porção de pão de macaxeira (foto), que chega à mesa passado na chapa com manteiga, antes de encarar a aventura do bufê. As sopas estão lá. Na sequência, suvaco de cobra (carne de sol moída com milho e cebola), carne de sol com nata (creme de leite), rubacão (um baião de dois mais cremoso), peixadas, moquecas e um tal queijo-manteiga de liquefazer a alma.BOM BOCADO Se o caso for de fome moderada, as Empadinhas Barnabé (empadinhasbarnabe.com.br) são uma instituição pessoense. Sequinhas e bem temperadas, desmancham na boca. Sabor símbolo da casa, a de charque com catupiry vem com pouquíssima gordura. Há outras seis opções de recheios salgados (a mais clássica, de frango, faz bonito) e cinco doces. A unidade da Avenida Cabo Branco fica de frente para a praia – há outras cinco pela cidade.QUE FRESCURA Se por um lado os termômetros acima dos 30 graus não animaram a experimentar as sopas pessoenses, por outro, o corpo pediu sorvete. Provar sabores locais é a desculpa perfeita para se empanturrar com os gelados da Delícias do Cerrado, em Tambaú (Rua Coração de Jesus, 145). Sorvetes e picolés são feitos de frutas regionais, como mangaba, cajamanga e murici, e há opções como queijo, coalhada e chocolate amargo com menta. O picolé de coco de guariroba é novidade.VÁ E FIQUE Dá vontade de passar muito tempo no Muxima (Rua Otacilio Silva da Silveira, 160), na Praia da Penha, primeiro por causa do ambiente: uma varanda bem grande no alto da falésia, com mesas de frente para o mar, parquinho para as crianças e chuveirão no fundo, se estiver muito calor. E aí vem o cardápio, simples e certeiro. Tem peixada, caldeirada de frutos do mar e o carro-chefe, moqueca de pescada (R$ 60), suave no dendê e no leite de coco. Em porção para dois, serve três.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.