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Após protestos, bomba explode no Chile

Artefato explodiu na entrada de canal de TV; protestos levaram à prisão de 600.

Por Marcia Carmo
Atualização:

Um dia depois do protesto que deixou mais de 600 presos e 48 policiais e um parlamentar feridos, uma bomba caseira de cerca de cinco quilos explodiu, nesta quinta-feira, em frente à emissora de televisão Canal 13, em Santiago, no Chile. Na hora da explosão, o ministro da Fazenda, Andrés Velasco, concedia entrevista num dos estúdios da emissora. Ninguém saiu ferido "por sorte", como contou o jornalista Omar Gómez, do canal 13, à imprensa argentina. "A bomba explodiu no pátio que serve de entrada para os estúdios da televisão", disse ele. "Mas naquela hora, como já era noite e faltava pouco para o início do noticiário, não havia ninguém no local", acrescentou. O ato foi atribuído a um grupo "anarquista" - cujo nome ainda é desconhecido - que deixou panfletos junto à bomba, criticando os veículos de comunicação por estarem ligados ao "capitalismo". Outros panfletos, no mesmo lugar, convocavam para um protesto no próximo dia 11 de setembro - data que marca o golpe liderado pelo general Augusto Pinochet, em 1973, contra o presidente socialista Salvador Allende. Mais cedo, numa entrevista à TVN (Televisão Nacional do Chile), o ministro Andrés Velasco disse que, apesar das críticas, a economia chilena está no caminho certo. "Foi o caminho que escolhemos há 18 anos e acredito que com este modelo vamos continuar reduzindo o desemprego e melhorando a qualidade de vida dos chilenos", afirmou. O modelo econômico chileno, lançado na época de Pinochet, costuma ser elogiado pela estabilidade que gerou, mas criticado porque não resolveu o drama da concentração de renda neste país de 15 milhões de habitantes. A presidente socialista Michelle Bachelet prometeu melhorias na área social. Mas cerca de dezessete meses após sua posse, ela enfrenta forte queda de popularidade, como confirmou o presidente do instituto Adimark, Roberto Mendez, em entrevista à BBCBrasil. "Bachelet começou o governo com mais de 60% de aprovação. Atualmente, esse apoio caiu quase 20%". O desgaste da presidente chilena iniciou com o novo sistema de transportes de Santiago - "transantiago" - que provocou filas e tumultos no principal endereço eleitoral do país. Em diferentes pronunciamentos, Bachelet condenou os distúrbios da quarta-feira. "Democracia não é violência", disse. Por sua vez, o senador socialista Alejandro Navarro, da base governista, que participou e foi agredido nos protestos, afirmou que o problema do Chile é que o crescimento econômico não chega a todos. Segundo ele, as manifestações vão continuar até que se encontre o caminho da igualdade. "Muita gente tem carinho pela presidente Bachelet. O problema não é esse. Mas sim a pobreza que não é resolvida com este sistema econômico". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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