Desinformação sobre mudanças ainda é alta

Regras sobre tempo para aposentadoria preocupam quem está perto de receber benefício pelo parâmetro atual

PUBLICIDADE

Por Douglas Gravas
Atualização:

O alto grau de desinformação sobre as mudanças pretendidas pelo governo para a Previdência Social tem marcado os primeiros dias após o detalhamento da proposta de reforma, na última terça-feira, segundo escritórios de advocacia especializados no tema. A maior dúvida dos segurados próximos à faixa de transição é se ainda vão poder se aposentar em menos tempo ou se terão de cumprir as novas regras.

PUBLICIDADE

“O contribuinte ainda tem muitas dúvidas sobre direito adquirido, o texto enviado pelo governo é confuso e, como ainda não foi aprovado, gera muita apreensão”, diz a advogada Viviane Ferreira Cassola.

No escritório em que o advogado Antonio Pires trabalha, na Grande São Paulo, o aumento da procura de clientes para tirar dúvidas e recalcular benefícios foi de cerca de 20% no último mês. “A forma que o governo usou para divulgar a proposta foi muito ruim e gerou muitas dúvidas ao contribuinte. São mudanças importantes e que ainda ocorrem em um ambiente econômico complicado, de desemprego alto.”

Ele lembra que os homens com mais de 50 anos e as mulheres com mais de 45 estarão sujeitos a regras de transição. “Nada muda para quem já recebe aposentadoria ou para quem já tiver completado as condições de acesso durante o período de tramitação.”

Desde que as mudanças na Previdência começaram a ser mais discutidas pela mídia, o motorista José Carlos de Almeida, de 58 anos, ficou preocupado. “Estou contando o tempo para receber o benefício e a gente sabe que, quando o governo propõe novidades na aposentadoria, nunca costuma ser benéfico para o trabalhador. Eles falam que a Previdência está falida e a gente fica com a impressão de que todo mundo vai precisar trabalhar até os 65 anos.”

Caso o texto da reforma seja aprovado como está, no ano que vem, ele terá de trabalhar mais seis anos para completar o tempo suficiente para poder se aposentar, segundo especialistas consultados pelo Estado.

“Os problemas de informação também acontecem pela dureza dessa reforma. O anúncio da idade mínima de 65 anos assustou muita gente”, avalia a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Jane Berwanger. “Um outro ponto bem negativo foi o motivo alegado para fazer a reforma. Quando o governo diz que se nada mudar, daqui a 20 anos não vai ter dinheiro para aposentadoria, mexe no imaginário do contribuinte.” / D.G.

Publicidade

“Problemas de informação também acontecem pela dureza dessa reforma. Idade mínima de 65 anos assustou muita gente.” Jane Berwanger

PRESIDENTE DO IBDP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.