''Obra da Petrobrás está superfaturada''

Ministro do TCU critica alta de investimento em Abreu de Lima

PUBLICIDADE

Por Alessandra Saraiva e RIO
Atualização:

O ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge de Vasconcelos Lima criticou a discrepância entre projeções de investimento na refinaria Abreu e Lima, no Estado de Pernambuco, projeto que é desenvolvido pela Petrobrás em parceria com a estatal venezuelana PDVSA. Em palestra promovida na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), o ministro classificou como "um sério problema" a forte diferença entre as estimativas da companhia brasileira para o projeto, inicialmente orçado em US$ 4 bilhões, e os cálculos mais recentes, que apontam para gastos em torno de US$ 12 bilhões. Na análise feita para uma plateia de empresários, o ministro disse que houve um "superfaturamento nas estimativas da obra". Ao ser indagado por jornalistas sobre o assunto, Lima comentou ter achado as projeções "estranhas". "Não é normal que uma empresa do tamanho da Petrobrás faça uma previsão de uma obra de US$ 4 bilhões e depois aumente a estimativa para US$ 12 bilhões", observou. "É uma coisa que realmente causa estranheza", completou.Ele fez questão, porém, de observar que sua análise era "como pessoa física" e que o TCU não pode proceder investigações com base apenas em projeções para obras. "É uma estimativa que não tem um reflexo financeiro imediato . O que investigamos são os valores reais de cada etapa da obra", explicou o ministro do tribunal. Entretanto, ele avaliou que a diferença muito pronunciada nas estimativas fará com que o TCU acompanhe com atenção o andamento do empreendimento da refinaria Abreu e Lima. "Teremos um cuidado especial com essa obra", assegurou.Na semana passada, a Petrobrás divulgou comunicado sobre o assunto, esclarecendo que o investimento na refinaria ainda não foi aprovado pela diretoria da empresa, e que está trabalhando para reduzir os custos.PETROQUÍMICAEx-ministro das Minas e Energia, Lima comentou também sobre outro empreendimento relacionado ao setor energético: o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no município de Itaboraí. A Petrobrás estima investimentos da ordem de U$ 8,3 bilhões no projeto. Segundo ele, o Tribunal de Contas da União permanece investigando as suspeitas de superfaturamento nos custos de terraplenagem na obra. "A obra parou, mas não pedimos a suspensão (das obras)", afirmou. O Comperj deve entrar em operação a partir de 2012.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.