Jornalista e comentarista de economia

Opinião|A inflação baixou. E os juros?


Essa inflação mais baixa reforça as apostas pela manutenção do atual ritmo de corte da Selic, mas é preciso avaliar o comportamento da inflação de serviços subjacentes e a desfasagem atual no preço dos combustíveis para calibrar melhor o cenário

Por Celso Ming

Quase ninguém esperava essa inflação tão baixa em março, de apenas 0,16%, a mais baixa desde junho do ano passado. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 3,95% – embicando para a meta de 3%.

Grande parte da alta sazonal (de virada de ano) parece ter-se concentrado em fevereiro. No entanto, o mais importante agora é ver como fica a política de juros a partir desses novos números.

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Enquanto membros do governo externavam preocupação com a inflação dos alimentos, os diretores do Banco Central chamavam mais a atenção para a inflação dos chamados serviços subjacentes. Alguns deles chegaram a sugerir que esta última podia estar sendo produzida por aumento da demanda cuja origem estaria no súbito aumento da renda, em consequência do pleno-emprego em alguns setores.

A alta dos alimentos continua relativamente forte (de 0,53%), mais concentrada na cebola, tomate e ovos, por conta da redução da produção. Nesse caso, não há muito o que fazer, a não ser importar, função que não cabe ao Banco Central. Em compensação, a inflação dos serviços está bem mais atenuada. Saiu de alta de 1,06%, em fevereiro, para 0,10%, em março, mas o subgrupo dos serviços subjacentes mantém-se elevado, em 0,45%.

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Após a última reunião do Copom, os debates se concentram sobre o que deverá acontecer a partir de junho, manter o nível de corte em 0,5 ponto porcentual (p.p.) dos juros básicos (Selic) ou optar por um corte de 0,25 ponto porcentual. Essa decisão é muito importante para quem tem altas contas a pagar e depende do comportamento dos juros futuros.

Em princípio, essa inflação mais baixa reforça as apostas pela manutenção do atual ritmo de corte. Mostra, entre outras coisas, que o tal aumento da demanda pelo poder aquisitivo mais forte não está empurrando a inflação para cima. Mas continuam atuando duas fontes de preocupação, além do aumento da renda: a gastança do governo Lula, que segue despejando mais recursos no mercado, na contramão do que faz o Banco Central; e a forte alta do petróleo, que exige reajustes no preço dos combustíveis.

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Grande defasagem no preço dos combustíveis em relação aos preços do PPI é um dos grandes pontos de atenção para a inflação nos próximos meses.  Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão

Setores do PT e do governo continuam vociferando contra a “alta burra dos juros”. Mas, em matéria de política monetária, eles não passam de bois olhando para o palácio. Melhor ficar com a opinião da revista The Economist que passou o recado de que os grandes bancos centrais deveriam agir como os bancos centrais do Brasil e do Chile.

A vacilação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Banco Central Europeu (área do euro) em derrubar os juros pode provocar um efeito colateral indesejado. Pode reduzir ainda mais a diferença entre os juros reais daqui e dos Estados Unidos e desestimular o desembarque de capitais no mercado interno, algo que já está ocorrendo, e é um dos fatores responsáveis por certa alta das cotações do dólar em reais.

Quase ninguém esperava essa inflação tão baixa em março, de apenas 0,16%, a mais baixa desde junho do ano passado. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 3,95% – embicando para a meta de 3%.

Grande parte da alta sazonal (de virada de ano) parece ter-se concentrado em fevereiro. No entanto, o mais importante agora é ver como fica a política de juros a partir desses novos números.

Enquanto membros do governo externavam preocupação com a inflação dos alimentos, os diretores do Banco Central chamavam mais a atenção para a inflação dos chamados serviços subjacentes. Alguns deles chegaram a sugerir que esta última podia estar sendo produzida por aumento da demanda cuja origem estaria no súbito aumento da renda, em consequência do pleno-emprego em alguns setores.

A alta dos alimentos continua relativamente forte (de 0,53%), mais concentrada na cebola, tomate e ovos, por conta da redução da produção. Nesse caso, não há muito o que fazer, a não ser importar, função que não cabe ao Banco Central. Em compensação, a inflação dos serviços está bem mais atenuada. Saiu de alta de 1,06%, em fevereiro, para 0,10%, em março, mas o subgrupo dos serviços subjacentes mantém-se elevado, em 0,45%.

Após a última reunião do Copom, os debates se concentram sobre o que deverá acontecer a partir de junho, manter o nível de corte em 0,5 ponto porcentual (p.p.) dos juros básicos (Selic) ou optar por um corte de 0,25 ponto porcentual. Essa decisão é muito importante para quem tem altas contas a pagar e depende do comportamento dos juros futuros.

Em princípio, essa inflação mais baixa reforça as apostas pela manutenção do atual ritmo de corte. Mostra, entre outras coisas, que o tal aumento da demanda pelo poder aquisitivo mais forte não está empurrando a inflação para cima. Mas continuam atuando duas fontes de preocupação, além do aumento da renda: a gastança do governo Lula, que segue despejando mais recursos no mercado, na contramão do que faz o Banco Central; e a forte alta do petróleo, que exige reajustes no preço dos combustíveis.

Grande defasagem no preço dos combustíveis em relação aos preços do PPI é um dos grandes pontos de atenção para a inflação nos próximos meses.  Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão

Setores do PT e do governo continuam vociferando contra a “alta burra dos juros”. Mas, em matéria de política monetária, eles não passam de bois olhando para o palácio. Melhor ficar com a opinião da revista The Economist que passou o recado de que os grandes bancos centrais deveriam agir como os bancos centrais do Brasil e do Chile.

A vacilação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Banco Central Europeu (área do euro) em derrubar os juros pode provocar um efeito colateral indesejado. Pode reduzir ainda mais a diferença entre os juros reais daqui e dos Estados Unidos e desestimular o desembarque de capitais no mercado interno, algo que já está ocorrendo, e é um dos fatores responsáveis por certa alta das cotações do dólar em reais.

Quase ninguém esperava essa inflação tão baixa em março, de apenas 0,16%, a mais baixa desde junho do ano passado. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 3,95% – embicando para a meta de 3%.

Grande parte da alta sazonal (de virada de ano) parece ter-se concentrado em fevereiro. No entanto, o mais importante agora é ver como fica a política de juros a partir desses novos números.

Enquanto membros do governo externavam preocupação com a inflação dos alimentos, os diretores do Banco Central chamavam mais a atenção para a inflação dos chamados serviços subjacentes. Alguns deles chegaram a sugerir que esta última podia estar sendo produzida por aumento da demanda cuja origem estaria no súbito aumento da renda, em consequência do pleno-emprego em alguns setores.

A alta dos alimentos continua relativamente forte (de 0,53%), mais concentrada na cebola, tomate e ovos, por conta da redução da produção. Nesse caso, não há muito o que fazer, a não ser importar, função que não cabe ao Banco Central. Em compensação, a inflação dos serviços está bem mais atenuada. Saiu de alta de 1,06%, em fevereiro, para 0,10%, em março, mas o subgrupo dos serviços subjacentes mantém-se elevado, em 0,45%.

Após a última reunião do Copom, os debates se concentram sobre o que deverá acontecer a partir de junho, manter o nível de corte em 0,5 ponto porcentual (p.p.) dos juros básicos (Selic) ou optar por um corte de 0,25 ponto porcentual. Essa decisão é muito importante para quem tem altas contas a pagar e depende do comportamento dos juros futuros.

Em princípio, essa inflação mais baixa reforça as apostas pela manutenção do atual ritmo de corte. Mostra, entre outras coisas, que o tal aumento da demanda pelo poder aquisitivo mais forte não está empurrando a inflação para cima. Mas continuam atuando duas fontes de preocupação, além do aumento da renda: a gastança do governo Lula, que segue despejando mais recursos no mercado, na contramão do que faz o Banco Central; e a forte alta do petróleo, que exige reajustes no preço dos combustíveis.

Grande defasagem no preço dos combustíveis em relação aos preços do PPI é um dos grandes pontos de atenção para a inflação nos próximos meses.  Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão

Setores do PT e do governo continuam vociferando contra a “alta burra dos juros”. Mas, em matéria de política monetária, eles não passam de bois olhando para o palácio. Melhor ficar com a opinião da revista The Economist que passou o recado de que os grandes bancos centrais deveriam agir como os bancos centrais do Brasil e do Chile.

A vacilação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Banco Central Europeu (área do euro) em derrubar os juros pode provocar um efeito colateral indesejado. Pode reduzir ainda mais a diferença entre os juros reais daqui e dos Estados Unidos e desestimular o desembarque de capitais no mercado interno, algo que já está ocorrendo, e é um dos fatores responsáveis por certa alta das cotações do dólar em reais.

Quase ninguém esperava essa inflação tão baixa em março, de apenas 0,16%, a mais baixa desde junho do ano passado. Com isso, a inflação acumulada em 12 meses caiu para 3,95% – embicando para a meta de 3%.

Grande parte da alta sazonal (de virada de ano) parece ter-se concentrado em fevereiro. No entanto, o mais importante agora é ver como fica a política de juros a partir desses novos números.

Enquanto membros do governo externavam preocupação com a inflação dos alimentos, os diretores do Banco Central chamavam mais a atenção para a inflação dos chamados serviços subjacentes. Alguns deles chegaram a sugerir que esta última podia estar sendo produzida por aumento da demanda cuja origem estaria no súbito aumento da renda, em consequência do pleno-emprego em alguns setores.

A alta dos alimentos continua relativamente forte (de 0,53%), mais concentrada na cebola, tomate e ovos, por conta da redução da produção. Nesse caso, não há muito o que fazer, a não ser importar, função que não cabe ao Banco Central. Em compensação, a inflação dos serviços está bem mais atenuada. Saiu de alta de 1,06%, em fevereiro, para 0,10%, em março, mas o subgrupo dos serviços subjacentes mantém-se elevado, em 0,45%.

Após a última reunião do Copom, os debates se concentram sobre o que deverá acontecer a partir de junho, manter o nível de corte em 0,5 ponto porcentual (p.p.) dos juros básicos (Selic) ou optar por um corte de 0,25 ponto porcentual. Essa decisão é muito importante para quem tem altas contas a pagar e depende do comportamento dos juros futuros.

Em princípio, essa inflação mais baixa reforça as apostas pela manutenção do atual ritmo de corte. Mostra, entre outras coisas, que o tal aumento da demanda pelo poder aquisitivo mais forte não está empurrando a inflação para cima. Mas continuam atuando duas fontes de preocupação, além do aumento da renda: a gastança do governo Lula, que segue despejando mais recursos no mercado, na contramão do que faz o Banco Central; e a forte alta do petróleo, que exige reajustes no preço dos combustíveis.

Grande defasagem no preço dos combustíveis em relação aos preços do PPI é um dos grandes pontos de atenção para a inflação nos próximos meses.  Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão

Setores do PT e do governo continuam vociferando contra a “alta burra dos juros”. Mas, em matéria de política monetária, eles não passam de bois olhando para o palácio. Melhor ficar com a opinião da revista The Economist que passou o recado de que os grandes bancos centrais deveriam agir como os bancos centrais do Brasil e do Chile.

A vacilação do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e do Banco Central Europeu (área do euro) em derrubar os juros pode provocar um efeito colateral indesejado. Pode reduzir ainda mais a diferença entre os juros reais daqui e dos Estados Unidos e desestimular o desembarque de capitais no mercado interno, algo que já está ocorrendo, e é um dos fatores responsáveis por certa alta das cotações do dólar em reais.

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