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Atirador tenta ‘desmistificar’ uso de armas de fogo no País

Empresários e praticantes dizem que problema é como bandidos têm acesso aos equipamentos

Foto do author Marco Antônio Carvalho
Por Marco Antônio Carvalho
Atualização:

SÃO PAULO - A sala de menos de dez metros quadrados tem arrumação minuciosa. Quadros de filmes de faroeste se misturam a simulacros de granadas e bonecos de agentes da polícia americana - e pistolas de brinquedo estão em estantes de madeira. Abaixo, estão enfileiradas espingardas calibre 12, de verdade, presas umas às outras por um cabo de aço por segurança.

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O cenário é o de uma loja de armas do centro de São Paulo. É nele que a proprietária Vera Ratti fala sobre a paixão herdada de família. “Culturalmente, nossos avós, nossos bisavós, meus pais, as pessoas mantinham armas de fogo dentro das casas e não era nada como se fosse objeto que pudesse atacar alguém, ou que pudesse brigar com alguém”, afirma.

Para Vera, o instrumento de caça ou de defesa só assume um lado negativo quando é usado por pessoas com intenções erradas. “Essa pessoa, quando quer praticar o mal, pratica o mal em cima de qualquer coisa. Até mesmo aquele vagabundo que já assaltou, já levou todo o objeto de subtração que ele queria, vira e acaba matando o cidadão - ele já se deu bem pelo simples prazer de matar”, diz.

A empresária quer desmistificar o uso de armas, justificando para isso que o mal tem de ser associado ao ser humano e não ao instrumento. “O ser humano hoje é o maior culpado por qualquer tipo de violência que ele faz, quer esteja portando arma de fogo, portando uma faca, um pau, um carro, uma moto.”

Opinião. Romani pratica tiro esportivo e é favorável ao porte de arma e a uma maior facilidade para obter a permissão Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Testes. No mesmo estande, no centro, o empresário Bruno Romani, de 34 anos, prepara-se para iniciar seu treino e defender o porte de arma, assim como Vera. Ele põe óculos de lentes de plástico amarelas e protetor de ouvidos vermelho e começa a falar sobre técnicas, sequências e estratégias dos tiros disparados por uma pistola semiautomática que empunha e aponta para o alvo, um humanoide de papel.

Praticante de tiro esportivo, ele defende uma maior facilidade para a permissão do porte, desde que sejam mantidas as exigências de testes psicológicos e de técnica de manuseio. “Hoje temos os bandidos que vão assaltar as pessoas com a certeza de que elas não têm uma arma para se defender. Vão com mais coragem. Vão com tudo.”

O argumento de Romani se aproxima das ideias do presidente do Movimento Viva Brasil, Benê Barbosa. “É plenamente válido que o cidadão recorra a uma arma de fogo legalmente para a sua defesa”, diz. O movimento se classifica como uma organização que luta pelos direitos e garantias fundamentais.

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Cidadão desarmado. Para Barbosa, ao dificultar o acesso dos cidadãos às armas, o Estado acabar por dar segurança ao criminoso. “Temos um Estado absolutamente incompetente para proteger o cidadão. Ainda por cima, o cidadão se encontra desarmado. Ao contrário da ideia inicial, isso acabou trazendo uma ideia de mais segurança ao bandido”, afirma. 

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