Moradores de Aldeinha, em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, conseguiram, depois de um abaixo-assinado, a promessa de construção de um novo acesso ao bairro em até cinco anos. A pista que levava ao local foi fechada apara a instalação de uma praça de pedágio no km 299 da Rodovia Régis Bittencourt, que liga São Paulo ao Sul do País. Desde o início da instalação do posto de cobrança, ônibus e lotações não entram mais no bairro. O outro acesso a Aldeinha é cortado por uma linha férrea. Os trens, segundo moradores, chegam a parar sobre os trilhos por mais de uma hora, impedindo a travessia de motoristas e pedestres. Os motoristas dos lotações, que antes pegavam os passageiros no bairro, agora esperam os usuários no acostamento da rodovia. "Não tem como entrar", diz o motorista Luiz de Mello. Moradores contam que sempre tiveram problema com os trens, mas que a situação piorou. "Ficamos isolados", disse a auxiliar administrativa Joelma Valentim, de 31 anos. O sobrinho Gabriel, de 14 anos, passa por baixo dos trens para ir à escola. "Não tenho medo. Me acostumei." Na sexta-feira, um trem da América Latina Logística ficou duas horas parado sobre a linha por causa de um problema mecânico. Segundo a empresa, cada trem leva 15 minutos para atravessar. "É muito tempo", diz Joelma. "E se alguém passa mal e precisa de ambulância?" A Assessoria de Imprensa do consórcio Autopista Régis Bittencourt informou que foi feito um acesso provisório no km 297 e que há estudos para a construção de uma outra entrada permanente para o bairro, a ser feira em até cinco anos. Ontem, no primeiro dia de cobrança de pedágio em dois trechos da Régis, cerca de 36 mil motoristas pagaram a taxa. Segundo a concessionária, 21 mil passaram pela primeira parada, no km 299, e 15 mil no km 485, em Cajati, próximo ao Paraná. Carros pagam R$ 1,50, motos, R$ 0,75, e caminhões, R$ 1,50 por eixo. Alguns motoristas foram pegos de surpresa; outros reclamaram. O executivo Cláudio Almeida, de 48 anos, que ia de moto pegar um documento em Juquitiba, protestou contra a cobrança na cabine do km 299. Ele ficou em pé para impedir que outros motoristas passassem. "Não faz sentido motociclista pagar. O que da pista estou estragando?" O soldador Gerson Souza, de 47 anos, não sabia do início da cobrança e desistiu de seguir viagem para Curitiba. "Não é pelo valor, mas não compensa." Segundo o superintendente do Consórcio Autopista Régis Bittencourt, Eneo Palazzi, a tarifa será reajustada anualmente. "Mas ela não será tão cara como em outras rodovias", diz ele. Outras três praças serão inauguradas até março.