Censo 2022 aponta 37,8 mil centenários no País; veja onde há maior concentração

População com 100 ou mais anos aumentou; índice representa 0,02% da população brasileira, o dobro de 2010

PUBLICIDADE

Foto do author Marcio Dolzan
Foto do author Fabiana Cambricoli
Foto do author Cindy Damasceno
Foto do author Roberta Jansen
Por Marcio Dolzan , Fabiana Cambricoli , Cindy Damasceno e Roberta Jansen
Atualização:

O Brasil tinha no ano passado 37,8 mil idosos centenários, cerca de 13 mil a mais do que o registrado em 2010. Os dados constam de estudo feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a partir do Censo 2022 e divulgado nesta sexta-feira, 27.

Apesar da baixa representatividade no universo da população brasileira - o número representa 0,02% do total de 203 milhões de habitantes -, o aumento ajuda a exemplificar como a população brasileira está ficando mais velha, e em ritmo acelerado.

O aumento de centenários ajuda a exemplificar como a população brasileira está ficando mais velha, e em ritmo acelerado Foto: Nilton Fukuda/Estadão

PUBLICIDADE

Quase metade desse contingente de centenários vive atualmente na região Nordeste, que tem dois dos cinco Estados do Brasil com a maior concentração da população com essa faixa etária. Ao todo, 16.317 pessoas com 100 ou mais anos de idade moram no Nordeste.

A Bahia lidera o ranking, e o Estado de São Paulo vem em segundo lugar. A Região Sul do País, que tem no Rio Grande do Sul o Estado com maior proporção de idosos do Brasil, reúne 3.502 centenários.

Veja o número de centenários no País, por Estado, segundo o Censo de 2022

  • Bahia - 5.336;
  • São Paulo - 5.095;
  • Minas Gerais - 4.104;
  • Rio de Janeiro - 2.712;
  • Maranhão - 2.470;
  • Pernambuco - 2.141;
  • Ceará - 1.999;
  • Pará - 1.665;
  • Rio Grande do Sul - 1536;
  • Paraíba - 1.330;
  • Paraná - 1.299;
  • Rio Grande do Norte - 976;
  • Goiás - 903;
  • Alagoas - 820;
  • Amazonas - 731;
  • Piauí - 714;
  • Espírito Santo - 678;
  • Santa Catarina 667;
  • Sergipe - 531;
  • Mato Grosso - 492;
  • Mato Grosso do Sul - 468;
  • Tocantins - 322;
  • Distrito Federal - 300;
  • Amapá - 163;
  • Rondônia - 147;
  • Acre - 142;
  • Roraima - 73.

No censo anterior, realizado em 2010, a população com 100 anos ou mais era de 24.236 pessoas, que em termos porcentuais equivaliam à metade (0,01%) do que é hoje.

População do Brasil envelhece cada vez mais rápido

O estudo divulgado nesta sexta pelo IBGE mostra que a população brasileira está envelhecendo cada vez mais rapidamente. Segundo análise de dados colhidos no Censo 2022, o porcentual de pessoas com 65 anos ou mais no País chegou a 10,9% da população – uma alta recorde de 57,4% frente aos números de 2010, quando os idosos representavam 7,4% do total.

Publicidade

O levantamento também mostra que a idade mediana da população (número que separa a metade mais jovem da população da mais velha) aumentou seis anos desde 2010, chegando a 35 anos em 2022. O índice de envelhecimento também aumentou: são 55 idosos para cada grupo de 100 crianças. Em 2010, este índice era 30.

Há discrepâncias consideráveis entre os diferentes Estados, sendo as mais evidentes encontradas no Rio Grande do Sul, que detém proporcionalmente a população mais idosa do Brasil, e de Roraima, que tem a mais jovem. Enquanto que o estado do Sul apresenta índice de envelhecimento de 80,4, o do Norte tem índice de 17,4, proporção quase cinco vezes menor.

Sistema de saúde do Brasil não está preparado para atender população envelhecida

Os números divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira comprovam uma projeção que estudiosos vêm fazendo há décadas, de que o Brasil passa por um processo de envelhecimento acelerado. Apesar disso, o sistema de saúde do País não se adaptou para essa realidade na mesma velocidade.

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Há escassez de profissionais especializados e de leitos em instituições de longa permanência ou de reabilitação, além da falta de centros de assistência e de serviços domiciliares. E a ausência de políticas públicas que promovam a integração do idoso e incentivem conexões sociais têm impacto na saúde mental dessa população, que tem taxas crescentes de depressão e outros transtornos.

Um trabalho do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS) publicado em abril mostrou que apenas 0,7% dos médicos que concluíram a residência em 2020 se especializaram em geriatria, índice que se manteve praticamente estável ao longo dos dez anos anteriores e que contrasta muito com os 9,5% dos que concluíram a especialização em pediatria, por exemplo. O Brasil tem hoje pouco mais de 2,6 mil geriatras, mas a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) estima que o déficit seja de 28 mil desses profissionais.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.