Deslizamentos deixam 3 mortos e 2 desaparecidos em Petrópolis, no Rio; Castro pede ajuda do Exército

Município da Região Serrana registrou 75 deslizamentos de terra ao longo desta sexta-feira e tem a pior condição entre as cidades fluminenses. Raio matou ambulante em Arraial do Cabo

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Por Fabio Grellet
Atualização:

A chuva que atinge o Estado do Rio de Janeiro nesta sexta-feira, 22, já causou 75 deslizamentos de terra em Petrópolis, na Região Serrana, até o início da noite. No mais grave deles, no bairro Independência, à tarde, sete pessoas foram soterradas. Segundo o Corpo de Bombeiros, quatro foram resgatadas com vida. Uma mulher de 23 anos e duas crianças, de 9 e 4 anos, que seriam filhos dela, morreram.

Em outro deslizamento no mesmo bairro, duas pessoas foram soterradas e estavam desaparecidas até o início da noite. Um dos deslizamentos também levou um poste de luz e deixou todo o bairro sem eletricidade.

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Até a noite desta sexta-feira, Petrópolis era a cidade fluminense em situação mais grave em função da chuva. Segundo a prefeitura, em 12 horas, das 6h às 18h, choveu 230 milímetros na cidade. O Rio Quitandinha transbordou. Por conta da queda de barreiras, a Rodovia BR-040 chegou a ser interditada.

Diante do volume de chuvas em Petrópolis, nesta sexta-feira o governador Cláudio Castro (PL) viajou para a cidade, onde deve permanecer durante o final de semana. Em entrevista ao programa “Em pauta”, da Globonews, Castro contou que pediu ao governo federal a ajuda do Exército para o combate aos prejuízos causados pela chuva. Ele disse que foi procurado por telefone pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e depois ligou para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Eu liguei para o presidente da República. Nesse primeiro momento, a ajuda que nós pedimos foi do Exército. O Exército já está, neste momento, em reunião que está acontecendo na prefeitura, que eu estou me encaminhando para lá. Não tenho o que reclamar nesse momento de socorro, de salvamento”, afirmou o governador.

Além de auxiliar no serviço de salvamento comandado pelos bombeiros, o Exército deve ser usado para o que Castro chamou de “organização local”: “Infelizmente tem muito turismo de tragédia, tem muita gente que não tem a qualificação e que quer, de boa vontade, ajudar e acaba atrapalhando. É muito importante o Exército entrar para poder ajudar nessa organização, para que quem é técnico possa fazer o salvamento necessário”, completou.

Em Nilópolis, na Baixada Fluminense, uma casa à margem do Rio Sarapuí desabou. Um homem estava no imóvel, mas foi resgatado com vida e está internado em um hospital. Na capital, houve registros de alagamento em bairros de todas as regiões, sem vítimas.

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A chuva causou uma morte em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, de manhã. Um ambulante morreu atingido por um raio nas Prainhas, região da praia do Pontal do Atalaia.

Segundo o Corpo de Bombeiros, a vítima caminhava pela areia das Prainhas, por volta das 9h45, quando foi atingido pelo raio. Quando os bombeiros chegaram, ele já estava morto. Seu corpo foi transferido para o Instituto Médico Legal de Cabo Frio.

Chuva desta sexta-feira causou pontos de alagamento em vários bairros da capital, como Botafogo  Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Outros dois homens, de 21 e 29 anos, também foram atingidos pela descarga elétrica e sofreram ferimentos, mas foram encaminhadas ao Hospital Geral de Arraial do Cabo e, segundo a prefeitura, passam bem.

Volume pode ser similar ao que causou tragédia em 2011

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O Rio de Janeiro deve enfrentar neste fim de semana chuvas intensas com acumulados superiores a 200 milímetros por dia, um patamar semelhante ao que desencadeou a tragédia vista no Estado em 2011, quando cerca de mil pessoas morreram em deslizamentos na região serrana. As previsões foram divulgadas pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que espera grandes volumes de chuva a partir da tarde desta sexta-feira, 22.

A maior intensidade é prevista para a madrugada de sexta-feira para sábado, 23, dia apontado como mais crítico, especialmente, na região serrana do Estado. “Episódios de deslizamentos podem ser generalizados. Não podemos descartar, inclusive, episódios mais graves, levando em conta o volume previsto, com corridas de massa ou corrida de detritos”, afirmou o coordenador de operações do Cemaden, Marcelo Seluchi, em coletiva de imprensa. /COLABOROU RARIANE COSTA

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